A Glex Exploration Summit junta cerca de 120 exploradores e cientistas internacionais na ilha Terceira, nos Açores, com o arquipélago considerado um “laboratório natural para a produção de conhecimento” e uma possível localização para uma estação de investigação subaquática.

“Os Açores são um laboratório natural para a produção de conhecimento e de ciência e esta mistura entre ciência, fazedores e tecnologia que permite uma parte ajudar a outra é isso que a Glex é”, afirmou Manuel Vaz, fundador da Expanding World, que organiza a cimeira, em declarações à margem da sessão de abertura da Glex Summit, que decorre até quarta-feira em Angra do Heroísmo.

A quinta edição da cimeira organizada pela Expanding World, com a curadoria do The Explorers Club, de Nova Iorque, realiza-se pelo terceiro ano consecutivo nos Açores e pelo segundo na ilha Terceira.

“Estamos no sítio mais óbvio do planeta Terra para estarmos a realizar uma cimeira onde todas as áreas se sentem em casa, dos oceanos à vulcanologia e ao espaço. Este é o sítio perfeito onde o velho mundo e o novo mundo se encontram”, frisou.

Na edição de 2023 foi anunciada a primeira missão de simulação lunar em Portugal, que levou sete “astronautas” de vários países à Gruta do Natal, na ilha Terceira, onde permaneceram durante seis noites e sete dias.

Segundo o organizador, a abertura do encontro com uma intervenção do aquanauta e conservacionista oceânico Fabien Cousteau, promotor do projeto Proteus, que pretende criar estações de investigação subaquáticas, é “um sinal claro de uma futura cooperação”.

“Se há estações espaciais, porque é que não há estações debaixo de água?”, questionou, defendendo que “há, seguramente, condições para aplicar o projeto nos Açores.

Questionado à margem do evento sobre o potencial do arquipélago para a instalação de uma futura estação subaquática, Fabien Cousteau disse apenas que “os Açores têm potencial para muitas coisas”, mas a admitiu que o Atlântico Norte é uma das localizações em vista no projeto Proteus.

“O oceano Atlântico é de importância primordial. O projeto Proteus não é para um único habitat. Começámos com a ideia de um, mas a procura e o interesse é de termos um número de ‘habitats’ estrategicamente colocados em diferentes partes do mundo, claro que o Atlântico Norte sendo um desses lugares”, avançou.

O aquanauta conta instalar no final de 2026 a primeira estação de pesquisa científica subaquática em Curaçau, nas Caraíbas.

“Podemos levar o laboratório ao fundo do mar, em vez de trazermos amostras à superfície. Assim, as amostras não são corrompidas, a informação pode ser gerada imediatamente e tudo isto para criar inovações, novas abordagens, novas formas de pensar e de perceber o que se está a passar num sítio sobre o qual não sabemos nada”, salientou.

Entre os oradores convidados desta edição estão nomes como o entomologista Sammy Ramsey, a bióloga Martina Capriotti, a vulcanóloga Jess Phoenix, o conservacionista Morad Tahbaz, o ativista cultural Ihor Poshyvailo e a ativista da paz Aziz Abu Sarah.

Participam ainda a engenheira aeroespacial Sabrina Thompson, a investigadora polar Kirstin Schulz, a astronauta da NASA Nicole Mann, e a investigadora do INESC-TEC Ana Pires, que foi comandante da missão CAMões, na Gruta do Natal.

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