Trabalhadoras da indústria Cofaco, nos Açores, vão manifestar-se na terça-feira, em Ponta Delgada, por um horário semanal de 35 horas e por um aumento para 10% do acréscimo regional ao salário mínimo regional, disse fonte sindical.

Em declarações à agência Lusa, o sindicalista Vítor Silva referiu a necessidade da progressão na carreira e outras duas questões “extremamente importantes” como os “horários desregulados que são praticados nos Açores”, defendendo a aplicação do horário das 35 horas semanais.

“A outra questão tem a ver com os aumentos salariais, daí ser [a concentração] em frente à residência oficial do presidente do Governo Regional”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços dos Açores.

O sindicato defende um aumento do acréscimo ao salário mínimo regional de 5% para 10% não só para as trabalhadoras da Cofaco mas como “forma de beneficiar milhares de trabalhadores do setor privado”.

“Esta medida, do ponto de vista do impacto no Orçamento regional tem um custo zero. Bastaria haver coragem política”, frisou Vítor Silva.

Cerca de 85% das trabalhadoras da Cofaco, num total de cerca de 200 pessoas, usufruem do salário mínimo regional.

Nos Açores, a remuneração mínima mensal tem um acréscimo de 5% face ao estabelecido a nível nacional, sendo atualmente de 861 euros.

O sindicato defende que se aumente para 10%, afirmando que os dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) são “demonstrativos da situação de pobreza e exclusão social na região”, para os quais contribuem “os baixos salários praticados”.

Vítor Silva considerou ainda que o trabalho daquelas mulheres deve ser valorizado porque a “própria entidade patronal reconhece (basta ir ao ‘site’ oficial da Cofaco) que a mais-valia do produto (o atum) tem a ver com a forma como é laborado manualmente, com habilidade e mestria” por parte das manipuladoras.

Segundo o sindicalista, “ao não terem progressão na sua carreira profissional, mesmo que o sindicato conseguisse negociar uma proposta contratual de 10 ou 20%, 85% as trabalhadoras da Cofaco não iriam beneficiar deste aumento porque a categoria profissional não é contemplada no acordo”.

Vítor Silva referiu que, quando estas trabalhadoras atingem a idade da reforma, “são penalizadas porque durante toda a vida descontaram sobre o ordenado mínimo”, havendo “situações de pessoas que trabalham 40 anos” nestas condições que “nunca progrediram na categoria profissional”.

De acordo com o sindicalista, esta “é uma questão de dignidade pessoal e profissional”, sendo que estas trabalhadoras “valorizam o trabalho que fazem, gostam do seu trabalho, mas que a empresa não o reconhece”.

Esta não é primeira forma de luta das trabalhadoras da Cofaco pelos seus direitos laborais, tendo já sido realizadas várias greves ao longo dos anos.

A Lusa solicitou, por via email, uma posição da empresa Cofaco sobre as reivindicações das trabalhadoras, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.

 

PUB