O presidente do PSD e primeiro-ministro afirmou que as regionais de hoje na Madeira “não deixam dúvidas” quanto à intenção dos eleitores de que o PSD lidere o Governo e que este seja chefiado por Miguel Albuquerque.

Luís Montenegro falava aos jornalistas na sede nacional do PSD, em reação aos resultados das eleições regionais na Madeira, que o PSD venceu sem maioria absoluta.

“Os madeirenses escolheram com clareza, e no espaço de oito meses, a mesma força política para liderar o Governo Regional e o mesmo candidato”, disse.

Por outro lado, Montenegro acusou PS e Chega de “falharem de forma copiosa” os seus objetivos nas regionais da Madeira, deixando um recado para os seus líderes a nível nacional.

“É tempo de reclamar o respeito democrático, a humildade democrática àqueles que perdem (…) Aquilo se espera para o futuro é que não se repitam mais eleições, que não haja eleições de meio em meio ano”, afirmou, dizendo não querer imiscuir-se nas soluções de Governo para a Madeira.

Montenegro, que falou aos jornalistas ladeado pelas vice-presidentes do PSD Margarida Balseiro Lopes e Inês Ramalho e pelo secretário-geral Hugo Soares, disse já ter felicitado Miguel Albuquerque.

“A vitória do PSD e do dr. Miguel Albuquerque não deixam dúvidas quanto à intenção do povo da Madeira e do Porto Santo: que o PSD lidere o Governo e que esse governo seja chefiado pelo dr. Miguel Albuquerque”, disse, desejando que se gere “uma solução que dê governabilidade e estabilidade”.

Questionado sobre as declarações do líder do Chega, André Ventura, que manifestou disponibilidade para um entendimento com o PSD-Madeira, mas sem Miguel Albuquerque, o líder social-democrata reiterou que “os eleitores falaram com clareza e de forma inequívoca”.

“Pedir a alguém que ganhou eleições que se demita? Isso não faz sentido e ninguém compreende isso”, disse.

À pergunta se Albuquerque deveria ter sido candidato sendo arguido num processo em que se investigam suspeitas de corrupção, Montenegro não respondeu diretamente, repetindo que as eleições “são o momento solene da expressão da vontade do povo”.

O líder do PSD escusou-se a dizer se prefere que o PSD-Madeira governe em minoria ou procure negociar uma solução minoritária, em respeito pela autonomia regional.

“Governar não é fácil em sítio nenhum, o que se exige é que todos possam assumir as suas responsabilidades e o meu princípio é que quem ganha deve governar”, afirmou.

Questionado sobre as leituras nacionais dos resultados de hoje, nomeadamente para PS e Chega, o primeiro-ministro disse que “todos devem interpretar a vontade do povo”.

“O que temos hoje em Portugal são três Governos do PSD: um na República, um nos Açores e outro na Madeira. Os três não têm maioria absoluta, mas os três ganharam eleições e são detentores de legitimidade democrática”, afirmou.

“Assim sendo o que é que pode acontecer? Haver dois partidos – PS e Chega –, não satisfeitos com a vontade popular, podem bloquear as governações”, disse, ressalvando que isso é possível no parlamento nacional, mas não será suficiente na Madeira.

O primeiro-ministro defendeu que “não é por falta de esforço” que, no parlamento nacional e nos dos Açores e da Madeira, os partidos da oposição “não têm oportunidade e possibilidade de contribuir positivamente para as soluções”.

“O que não sou capaz de fazer é obrigar as pessoas que não têm vontade de ter esse comportamento de o concretizar em atos. O PS e o Chega falam, falam, falam, mas ao fim do dia são cúmplices e convergentes no bloqueio aos Governos que os eleitores têm escolhido, mas isso é uma responsabilidade que cabe a cada um assumir”, acusou.

De acordo com informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, os sociais-democratas obtiveram 36,13% dos votos e 19 lugares no parlamento regional da Madeira, constituído por um total de 47 deputados.

Em segundo lugar, o PS conseguiu 11 eleitos, seguindo-se o JPP, com nove, o Chega com quatro, o CDS-PP com dois, e a IL e o PAN, com um deputado cada. Saem da Assembleia Legislativa, em relação à anterior composição, o BE e a CDU.

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