O BE/Açores criticou hoje o Governo Regional por “não mover uma palha” na política de saúde para evitar que a região caminhe para “o abismo”, considerando haver um desfasamento entre o Orçamento proposto e as necessidades dos açorianos.

“O grave momento atual não levou o governo a mover uma palha na sua insustentável política para a saúde”, criticou o deputado António Lima.

O também líder do BE/Açores discursava na Assembleia Legislativa, na Horta, durante as intervenções finais do debate do Plano e Orçamento da região para 2024.

O bloquista avisou que a região caminha para “o abismo” na saúde, evocando o prejuízo de 40 milhões de euros por ano nos hospitais e unidades de saúde de ilha e a dívida de 195 milhões de euros a fornecedores.

“São um garrote financeiro que impede qualquer gestão de investir”, realçou.

António Lima exigiu investimento no Serviço Regional de Saúde (SRS) e lembrou que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) deve “milhões” aos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica desde 2022.

“É urgente um plano de capacitação e modernização do SRS, que acabe de uma vez por todas com o subfinanciamento. É a única forma de o SRS investir e garantir resposta às pessoas. De outro modo, caminhamos sim, para o abismo”, insistiu.

O deputado defendeu uma “nova política social e apoios mais abrangentes”, alertando que “à medida que o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção desce, a pobreza cresce e a sobrelotação habitacional também”.

“Terminado o debate na generalidade deste Orçamento, ficamos ainda mais convictos do desfasamento entre estas propostas e as necessidades dos Açores. O Orçamento prossegue uma política que mantém os Açores na mesma: uma região que é a mais pobre e desigual do país”, atirou.

Segundo o parlamentar, a “precariedade agiganta-se nos serviços públicos” e a única estratégia do executivo para o turismo passa pelo “crescimento, sem sustentabilidade social, ambiental e económica”.

“Há cada vez mais gente a viver pior e sem apoio”, assinalou.

António Lima também visou a situação do grupo aéreo SATA, que disse estar “à deriva” e com uma “administração provisória há quase um mês numa altura crítica da sua vida”.

“Esta situação é insustentável. Confirmamos pelo relatório do júri que a privatização significa pagar 380 milhões de euros para vender a empresa. A privatização é também ela uma perigosa aventura”, avisou o deputado, defendendo o cancelamento da alienação da Azores Airlines.

O coordenador do BE/Açores condenou ainda a “contradição” dos partidos da direita, lembrando que o Chega alerta para a “insustentabilidade financeira”, mas viabiliza o Governo Regional.

“Esse caminho para a insustentabilidade financeira tem tido sempre o patrocínio do Chega”, destacou.

A proposta de Orçamento, que será votada na sexta-feira, contempla um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões), numa proposta que foi então chumbada.

 

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