Comemorou-se, esta semana, o dia dos Açores, no qual se enaltece a importância da autonomia regional e tudo o que evoca a resiliência do povo açoriano, enfatizando o contexto e particularidades da Região Autónoma dos Açores. Pois bem, é no meio do mar, de vulcões, de terramotos e de tempestades que Nemésio apelidou de açorianidade todo o produto histórico vivido nos Açores ao longo do tempo.

Os últimos dias, têm sido especialmente desafiantes para todo o arquipélago, mas sobretudo, para a Ilha de São Miguel, onde se localiza a maior unidade de saúde da região. No início deste mês, o Governo dos Açores declarou a situação de calamidade pública devido ao incêndio numa área técnica do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada. O objetivo desta medida passou por agilizar e acelerar procedimentos, nomeadamente no que diz respeito à normalização da atividade daquela unidade de saúde, no mais curto espaço temporal possível, o que implicou a evacuação de todos os doentes da referida unidade hospitalar, provocando uma considerável perturbação no Serviço Regional de Saúde.

A relevância desta unidade de saúde no contexto dos Açores é determinante, pelo que urge a necessidade de dar uma resposta política sólida e agregadora, para colmatar todo este transtorno, uma vez que a importância deste hospital transcende, de forma inegável, a ilha de São Miguel. O facto de as pessoas não poderem contar com um conjunto de serviços essenciais à vida, provoca uma profunda consternação e enorme angústia em toda a população e é, mais uma vez, graças ao espírito de entreajuda de toda a comunidade de profissionais de áreas de intervenção distintas que os açorianos vão sentido algum alívio relativamente a esta questão.

É por isso, que hoje, enalteço e faço uma sentida homenagem a todos aqueles que, ombro a ombro, lutam por restabelecer a normalidade na maior unidade de saúde regional. Apesar da pouca atenção mediática dada a esta calamidade, no âmbito nacional, a verdade é que prontamente a ministra da saúde referiu que o SNS tem de olhar para este momento de fragilidade como um momento de planear o futuro, não descartando as responsabilidades do Estado na situação descrita. Montenegro assegurou também 85% de comparticipação na intervenção necessária no hospital de Ponta Delgada.

A verdade é que esta será uma lenta e gradual recuperação, pelo que a mitigação deste flagelo irá requerer, mais uma vez, um enorme espírito de resiliência e de solidariedade do povo açoriano. É um grande desafio que temos pela frente. Juntos, os açorianos conseguirão certamente ultrapassar o abrupto desafio que lhes foi imposto.

No que se refere à classe política, também se espera que em todo o espectro político regional, se verifique uma conduta solidária, na reconstrução do referido hospital. É lado a lado, que se terão de dedicar ao trabalho célere e urgente, em nome do povo que representam.

Acompanho, ainda que à distância, toda esta situação com elevado grau de preocupação mas conforta-me ter a consciência de que o bravo povo dos Açores saberá unir-se e responder, em conjunto, a mais um gigantesco desafio. Afinal, a açorianidade de Nemésio também se traduz na superação constante dos desafios que se nos apresentam. Vivam os Açores, sempre!

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