Perdido o poder em 2020, os socialistas mantiveram a esperança de regressar quanto antes à governação regional. Nunca esconderam essa ambição nem o ressabiamento da circunstância. E tudo fizeram para um eterno retorno, votando contra todos os orçamentos. Até que fomos novamente a votos.
Por regra, a instabilidade traz consigo a respetiva fatura e em fevereiro não houve exceção. Dificilmente poderia ser diferente, porque nada justificava voltar a trás, às propostas derrotadas, aos mesmos protagonistas, à mesma liderança.
Sem caminho de futuro, Cordeiro manteve-se na função. A proximidade das eleições nacionais complicou-lhe a vida, de certo modo ditou uma indesejada continuidade, por mais cinco semanas.
Nova derrota averbada. A noventa dias de outro ato eleitoral abriu-se-lhe a porta para uma saída com dignidade – reconhecer os sucessivos insucessos e fazer-se à vida – na política as travessias do deserto podem ser terapêuticas, de reencontro pessoal e inspiradoras para novos desafios. Mas o dr. Vasco desviou-se do caminho na esperança vã de um chamamento, das hostes ou do Parlamento Europeu. Nem uma coisa, nem outra. Sobrou-lhe uma terceira via, penosa, modesta, quase inconsequente: manter-se na liderança, com prazo e destino traçados. Dir-se-ia, vulgarmente, aprontou-se a sair pela porta pequena. Sem antes torpedear o caminho a quem se segue, arrastando o partido para o lamaçal da Oposição irresponsável, sabendo que no futuro nunca lhe pedirão contas pelo voto contra no Orçamento. Nem a catástrofe no hospital de Ponta Delgada o demove (comove)!