Amanhã completam-se 50 anos do 25 de Abril, Revolução que libertou o país e acabou com uma guerra colonial com milhões de feridas incuráveis. Foi com Abril, e não contra a Revolução, que instaurámos o sistema democrático mais avançado e equilibrado da Europa! Abril trouxe avanços no mundo do trabalho, nos direitos sociais e na nossa qualidade de vida. Basta ver que erradicámos o analfabetismo e que hoje morrem 15 vezes menos crianças no seu primeiro ano de vida, do que há 50 anos.
Motivos para defender Abril não faltam! Era proibido as mulheres ausentarem-se do país sem autorização do marido, o casamento de professoras e de enfermeiras, criticar o governo, beijar em público, usar minissaia, andar de mão dada, o divórcio, usar isqueiro ou andar de bicicleta sem licença, entre muitas outras coisas. A maioria da população vivia na pobreza. Milhões tinham casa sem água potável, eletricidade ou saneamento básico. A censura mostrava uma imagem do país bem diferente da realidade. As prisões estavam cheias de presos políticos, cujo “crime” era, apenas, exigir uma vida digna e salários justos ou denunciar os crimes do fascismo e da guerra colonial. A PIDE vigiava, matava, torturava violentamente e prendia as vozes discordantes.
Se hoje nem todos têm acesso a emprego e a salário justo, a cuidados de saúde públicos a tempo e horas, a habitação, a uma vida com dignidade, isso é o resultado de quem conspirou contra Abril! Durante dois anos, promoveram tentativas de golpes, assassinatos e atentados à bomba. Não conseguiram todos os seus objetivos, mas conseguiram tornar Abril numa Revolução inacabada e interrompida.
Nada disto foi por acaso. Abril não foi neutro – tomou partido pelos sempre esquecidos, pelos trabalhadores, pelas crianças e mulheres sem direitos. Abril posicionou-se contra o grande capital, o poder económico de seis famílias que controlavam, de facto, o país, que sustentaram e lucraram com os 48 anos de fascismo.
Por isso, Abril foi para todos, mas não é daqueles que, nestes 50 anos, conspiraram ou atuaram contra os ideais e as conquistas da Revolução! Agora e sempre, o Futuro está com Abril! Estas são razões de sobra para que me junte aos milhões de portugueses que, amanhã, vão comemorar Abril nas ruas do país e da Região. Da minha parte, lá estarei, às 15h, nas Portas da Cidade!