Aproxima-se, a passos largos, a data que assinala aquele que é, provavelmente, o acontecimento mais importante no que diz respeito à implementação da democracia enquanto regime, em Portugal. A Revolução dos Cravos, como ficou conhecida no panorama internacional, foi o mote para aquilo que os especialistas na matéria definem como a terceira onda da democratização, sobretudo nos países latino-americanos e naqueles que pertencem ao continente africano.

A revolução de abril mostrou-se fundamental para aquilo que foi o desenvolvimento do país nas últimas décadas, desde logo, a nível da saúde, educação, e condições de vida dos portugueses. Se estabelecermos um termo comparativo entre aquilo que era o país na altura do Estado Novo e passados 50 anos da revolução, constatamos diferenças avassaladoras.

A título de exemplo, na saúde, e segundo os dados da PORDATA, o número de médicos no nosso país aumentou sete vezes e, dando outro exemplo na referida área, a taxa de mortalidade infantil diminuiu de sobremaneira. O número de crianças que morreram com menos de um ano de idade, fruto daquilo que são as condições dos serviços de saúde, ou da ausência deles, no período anterior à revolução cifravam-se nos 38%, quase metade dos recém-nascidos, o que impactava de forma muito considerável a taxa de natalidade à escala nacional. Atualmente, esse valor está estabilizado em cerca de 2%, o que é sintomático da diferença do impacto da criação do Serviço Nacional de Saúde.

Se olharmos para a questão da educação, em Portugal, em perspetiva comparada, no período pré-revolução e na atualidade, a taxa de população analfabeta reduziu em cerca de 84%. Mais, se debruçarmos atenções nas questões mais basilares, nomeadamente no que diz respeito às condições mínimas de habitabilidade, novamente em perspetiva comparada, existiam cerca de 40% das casas sem esgotos e, portanto, sem saneamento básico, ou mesmo cerca de 53% de habitações que não dispunham de água canalizada, contrariamente àquilo que se verifica hoje, cujos valores não ultrapassam o 1%.

De facto, como se constata, as diferenças são muito consideráveis e é por isso, mas não só por isso, que devemos relembrar diariamente a importância de vivermos em liberdade. Os desafios que atualmente a democracia enfrenta no nosso país, fruto daquilo que é a configuração atual da Assembleia da República, aliada à crescente polarização de opinião que temos observado na sociedade portuguesa, devem merecer uma reflexão profunda, particularmente quando se celebram 50 anos da referida revolução. Celebremos abril, sempre.

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