A atual fase do genocídio em Gaza dura há mais de 6 meses, com um grau de violência e de desumanidade sem paralelo na História, desde a II Guerra Mundial. Mas o drama não é de agora e os factos não enganam. Por mais que Israel e o chamado ocidente, que lhe fornece o apoio financeiro, político e militar, inventem a narrativa que lhes convém, a violência sobre os Palestinianos já conta com quase 80 anos de mortes e sofrimento.

Em 1948, com a proclamação do Estado de Israel, começou a Nabka, palavra Árabe para catástrofe. Mais de 700 mil Palestinianos foram rápida e violentamente expulsos das suas casas e das suas terras. Antes disso, vários Povos habitavam, pacificamente, a região, convivendo e respeitando as diferenças culturais e religiosas. Repito, porque este facto importantíssimo é demasiadas vezes esquecido: há 80 anos, Árabes, Judeus e outros Povos viviam em Paz. Na Palestina, desenvolviam-se todas as atividades normais para um Estado e a emissão de moeda própria é prova disso mesmo. As promessas de Paz para a Palestina foram rapidamente enterradas, porque o desastre e a violência serviam o interesse do Reino Unido, a potência colonial da Palestina até 1948.

Os planos de Paz da ONU são sempre ignorados por Israel, com o apoio da Europa e dos Estados Unidos. A Paz apenas serve para os discursos de circunstância e sem quaisquer consequências, ficando enterrada pelos interesses geopolíticos e económicos. Mais que nunca, está demonstrada a importância da solução proposta pela ONU: dois Estados independentes, fronteiras de junho de 1967, regresso dos refugiados e capital da Palestina em Jerusalém Oriental.

E é aqui que se impõe a pergunta. Imaginemos que tudo isto acontecia nestas nossas ilhas e que o Estado de Israel tinha sido declarado nos Açores em 1948. Que, com morte e destruição, tínhamos sido expulsos de cada um dos 19 concelhos que habitamos, das nossas terras e das nossas casas, até estarmos reduzidos à prisão a céu aberto que é Gaza. Imaginemos que sofremos incontáveis humilhações e atos de violência durante quase 80 anos. O que será que diríamos? Preferíamos morrer livres ou viver em Paz sujeitos?

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