A secretária regional da Saúde dos Açores disse hoje que a transferência de utentes da ilha Terceira para a ilha de São Miguel, devido à falta de ortopedistas no hospital, foi uma situação “pontual”.
“Não é uma situação que ocorra de forma recorrente. No mês de fevereiro houve a necessidade de transportar um doente do serviço de urgência para o hospital de Ponta Delgada e de transferir outros através de voo programado. Foram situações particulares, que não voltaram a acontecer”, afirmou, em declarações à Lusa.
No início de abril, o Bloco de Esquerda questionou o executivo açoriano, em requerimento, sobre a falta de ortopedistas no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), alegando que a recusa dos médicos em fazer horas extraordinárias para além do limite legal já tinha obrigado à transferência de doentes para o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Na quinta-feira, a presidente da comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, considerou que este caso era uma prova da falta de médicos, que obrigava a que grande parte do trabalho fosse feita com recurso às horas extraordinárias.
“Os médicos estão sistematicamente a fazer horas extraordinárias, porque há falta de médicos. Se tivéssemos mais médicos no quadro, o trabalho era distribuído de outra forma e aí os médicos já conseguiam conciliar a sua vida profissional com a sua vida pessoal”, frisou.
Questionada sobre este caso, a secretária Regional da Saúde e Segurança Social do executivo PSD/CDS-PP/PPM disse respeitar a decisão dos ortopedistas.
“Os ortopedistas atingiram as 150 horas na primeira quinzena de janeiro e decidiram não fazer mais trabalho extraordinário. É uma decisão dos médicos do serviço de ortopedia e eu não me vou pronunciar sobre a mesma. Respeito, estão no seu direito”, adiantou.
Mónica Seidi ressalvou, no entanto, que as transferências para Ponta Delgada foram “situações pontuais”, que ocorreram apenas “no início do mês de fevereiro”
Segundo a governante, “de forma inesperada”, os médicos do serviço de ortopedia apresentaram a minuta de recusa de ultrapassar o limite legal de 150 horas extraordinárias e o hospital teve de “procurar soluções”.
“Soluções essas que foram encontradas e até ao momento não houve mais necessidade de transferir doentes para o hospital de Ponta Delgada”, acrescentou.
A secretária Regional da Saúde admitiu a necessidade de contratar mais médicos para o Hospital da Ilha Terceira, mas lembrou que “no ano passado foi aberto um concurso para recrutamento de ortopedistas, que ficou deserto”.
“Neste momento, o corpo clínico do serviço de ortopedia do HSEIT é composto por quatro médicos. Longe vão os tempos em que o mesmo funcionou com dois. Isso aconteceu durante muitos anos. Um dos elementos não está ao serviço, estão três”, apontou.