A cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores, vai comemorar o Dia Internacional do Jazz, em 30 de abril, mas o evento esteve em risco de não se realizar por falta de apoios públicos, disse hoje a associação AngraJazz.

“Se não fosse a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo isto já tinha acabado. Vamos fazer, daqui a 15 dias, o Dia Internacional do Jazz e ainda não recebemos o apoio da direção regional da Cultura [da edição] do ano passado”, afirmou o membro da direção da Associação Cultural AngraJazz José Ribeiro Pinto, em conferência de imprensa.

Desde 2017 que a cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, se associa às comemorações do Dia Internacional do Jazz, com exceção dos anos de pandemia de covid-19.

No ano em que o festival AngraJazz, promovido pela associação com o mesmo nome, celebra o 25.º aniversário, “não fazia sentido” não comemorar o Dia Internacional do Jazz, mas José Ribeiro Pinto admitiu que pôs “em dúvida” a sua realização.

“Quando estamos a receber apoios cada vez mais pequenos da parte da direção regional da Cultura, temos vindo a recorrer aos nossos fundos, que estão praticamente a acabar e estamos a começar a encolher-nos”, explicou.

O festival AngraJazz tem já datas marcadas, de 02 a 05 de outubro, com oito concertos em quatro noites, e “quase todos os músicos contratados”, mas ainda não tem financiamento assegurado.

“Vamos para o 25.º aniversário e não fazemos a mínima ideia de quanto dinheiro é que vamos ter para o AngraJazz, nem sabemos quando é que vamos saber e muito menos quando é que vamos receber, porque o apoio do ano passado recebemos em janeiro/fevereiro”, alertou José Ribeiro Pinto.

“Em todo o mundo jazzístico as pessoas sabem o que é o AngraJazz, a revista Down Beat sabe o que é o AngraJazz, por exemplo. A Down Beat é a ‘bíblia do jazz’ em todo o mundo. O AngraJazz faz parte do calendário nacional e internacional e aqui na região parece que ninguém sabe o que é o AngraJazz”, acrescentou.

Miguel Cunha, também membro da direção da associação, salientou que o festival de jazz do Funchal, criado um ano depois do AngraJazz, tem “o triplo dos apoios públicos”, quando há cerca de cinco anos os dois apresentavam “orçamentos muito parecidos”.

“Os preços subiram muito, desde as passagens aéreas ao preço dos ‘cachets’, das estadias… E a gente continua a lutar por um orçamento que, em termos dos apoios públicos, é igual ao de há 10 anos”, frisou.

Miguel Cunha criticou também os critérios de atribuição de apoios da direção regional da Cultura.

“Nós criámos um público, temos espetáculos cheios, temos um público que paga e mesmo assim temos apoios que muitas vezes são inferiores a outros [eventos]”, lamentou.

Este ano, a programação do Dia Internacional do Jazz em Angra do Heroísmo integra um concerto da orquestra local AngraJazz, com comentários do maestro e diretor musical Pedro Moreira, e um concerto do Rita Caravaca Trio.

“São três jovens que ainda estão a estudar na Escola Superior de Música e no Hot Clube, que começaram a tocar este ano juntos e já tocam temos originais com grande sucesso”, destacou José Ribeiro Pinto.

Para o dirigente associativo, o programa é “muito curioso, aparentemente mais simples, mas extremamente interessante”.

“Vem dar resposta a um dos grandes objetivos do Dia Internacional do Jazz, que é promover a divulgação do jazz, principalmente junto das pessoas que têm andado longe deste género musical”, vincou.

A iniciativa conta, este ano, pela primeira vez, com o apoio financeiro do Hot Clube de Portugal.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Guido Teles, salientou que o evento “tem marcado o calendário cultural” da ilha e “tem conseguido atrair bastante público”.

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