O PSD/Açores garantiu hoje que terá uma “atitude exigente” perante o novo Governo da República para inverter o “longo ciclo de desinvestimento” nos serviços do Estado na região verificado nos últimos oito anos com os executivos socialistas.

“Não concebemos outra forma de defender os Açores que não seja a de ter, permanentemente, uma atitude exigente perante a República. (…) É necessária uma atitude exigente face ao Governo da República para inverter o longo ciclo de desinvestimento nos serviços do Estado na região”, disse a deputada do PSD Salomé Matos.

A social-democrata falava hoje, no primeiro dia dos trabalhos da sessão plenária ordinária da Assembleia Legislativa, na Horta, após as eleições de 04 de fevereiro.

Segundo Salomé Matos, “nos últimos oito anos, ficou adiada a resolução da maioria das grandes questões da competência da República em relação aos Açores”.

“Se o período entre 2016 e 2024 fosse um Orçamento, o saldo final poderia resumir-se da seguinte forma: um ‘superavit’ de propaganda de Lisboa e um défice de resultados para os Açores. Até 2020, houve a política do fingimento. O Governo da República do PS fingia que dava. O Governo Regional do PS fingia que recebia”, disse.

Acrescentou que “à política do fingimento sucedeu a política da represália” e na região “deu-se uma mudança política em 2020 e o Governo da República do PS não gostou”: “Os Açores e os açorianos foram tratados como portugueses de segunda até 2024”.

Entre outros exemplos, referiu que o executivo socialista “não pagou mais de meia centena de milhões de euros relativos a investimentos já efetuados pela região na recuperação dos estragos do Furacão Lorenzo” e “protelou, durante mais de dois anos, a abertura do concurso para as Obrigações de Serviço Público de transporte aéreo entre o continente e as ilhas do Faial, Pico e Santa Maria”.

Agora, perante o novo Governo da República, a deputada diz que “a exigência do que é justo para os Açores não pode abrandar”.

Ter uma atitude exigente perante o Governo é reclamar “o pagamento dos cerca de 53 milhões de euros em falta relativos às obras de recuperação dos estragos do Furacão Lorenzo” e “assegurar que os Açores são sempre englobados nas medidas de apoio de âmbito nacional, garantindo que a região não volta a ser discriminada, como sucedeu no setor agrícola ou com os empresários açorianos”.

O deputado José Pacheco (Chega), esteve de acordo com a postura do PSD, mas disse que ainda não viu “nenhuma solução” para os problemas da região.

João Castro (PS) admitiu que existirão “muitos erros” relativamente ao legado do anterior executivo da República, mas salientou que “existe um percurso” relacionado com um sistema financeiro estabilizado, crescimento económico e convergência com a Europa, entre outros aspetos.

Na sua opinião, o que devia estar a preocupar os deputados é a situação “impensável do desastre do caminho das acessibilidades”, aludindo ao processo de privatização da Azores Airlines.

Por sua vez, António Lima (BE) observou: “[Os partidos que suportam o novo Governo da República] tiveram tempo de alterar o logótipo, mas não tiveram tempo para transferir os milhões para o Furacão Lorenzo?”.

Para o deputado da IL, Nuno Barata, a declaração política do PSD mais parece “um recado ao Governo da República” do que de interesse para o parlamento açoriano.

Catarina Cabeceiras (CDS-PP) disse que o partido terá “uma posição sempre reivindicativa” e com a mesma crítica ao Governo da República, “seja ele qual for”.

A fechar o debate, o secretário regional dos Assuntos Parlamentares, Paulo Estêvão, valorizou a atitude do PSD por manter a exigência com o novo Governo da República e assegurou que, “da parte do Governo dos Açores, existirá também este nível de exigência”.

O parlamento dos Açores é composto por 57 deputados, 23 dos quais da bancada do PSD, outros 23 do PS, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do IL, um do PAN, um do BE e um do PPM.

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