Mais de 200 escuteiros integraram uma ação de voluntariado para recuperar ‘habitats’ naturais no Algar do Carvão e Furnas do Enxofre, Açores, no âmbito de um projeto de conservação da natureza para executar em seis anos, foi hoje divulgado.
A ação, que decorreu no sábado e contou com a participação do secretário Regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, foi organizada no âmbito do projeto LIFE BEETLES, de conservação da natureza, que representa um investimento de cerca de 1,76 milhões de euros, comparticipados em 55% pela União Europeia, a executar num período de seis anos.
De acordo com uma nota do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), foram realizadas ações de remoção de plantas invasoras e de plantação de exemplares de espécies endémicas, designadamente Faia-da-Terra (Morella faya) e Louro (Laurus azorica), bem como o empilhamento de madeiras para criação de ‘habitat’ de uma das espécies-alvo do projeto, o carocho-da-terra-brava (Trechus terrabravensis).
Segundo o titular da pasta do Ambiente nos Açores, citado na nota, o projeto LIFE BEETLES pretende aumentar o tamanho das populações, área de distribuição e estado de conservação de três espécies de escaravelhos endémicos dos Açores, o Tarphius florensis (escaravelho-cascudo-da-mata), na ilha das Flores, o Pseudanchomenus aptinoides (Laurocho), na ilha do Pico, e o Trechus terrabravensis (carocho-da-terra-brava) na Terceira.
Na ação de sábado, organizada em colaboração com o Corpo Nacional de Escutas – Núcleo da Terceira, estiveram cerca de 240 escuteiros, de oito agrupamentos da ilha Terceira.
Ainda de acordo com o secretário Regional, os trabalhos previstos para a ilha Terceira, no âmbito do projeto LIFE BEETLES, incidem sobre uma área de cerca de 107 hectares e visam “controlar a propagação de espécies de plantas invasoras em zonas pristinas de habitat da espécie-alvo” e a “reconversão de matas plantadas de eucaliptos em manchas de floresta Laurissilva”.
“Nas matas de eucaliptos do Algar do Carvão e das Furnas do Enxofre, que representam duas das cinco áreas de intervenção do projeto na ilha Terceira, decorrem, desde 2020, intervenções para renaturalizar florestas exóticas de eucaliptos com plantação de espécies endémicas, reconvertendo-as em florestas nativas, criando assim as condições ideais de habitat para o Carocho-da-terra-brava”, acrescenta.
Alonso Miguel assinala também que, “no âmbito deste processo de renaturalização, nestas duas áreas com uma extensão de cerca de 16 hectares, já foram removidos e eliminados cerca de 4.500 eucaliptos” e foram desenvolvidos “trabalhos de controlo de espécies invasoras, como a Conteira (Hedychium gardnerianum) e o silvado (Rubus ulmifolius)”.
Da mesma forma, foram “implementadas soluções de engenharia natural” para estabilização de taludes.
“Até ao momento, nestas duas áreas já foram plantados cerca de mil exemplares de espécies endémicas, como a Urze (Erica azorica), o Louro (Laurus azorica), o Folhado (Vibrunum trelasei), o Azevinho (Ilex perado subsp azorica), o Pau-Branco (Picconia azorica) e a Faia-da-Terra (Morella faya)”, acrescenta o secretário Regional.
Alonso Miguel destaca também o investimento do Governo Regional, superior a 250 mil euros, para execução dos trabalhos nas áreas de intervenção da ilha Terceira, nomeadamente com a contratação de recursos humanos e com a aquisição de equipamentos fundamentais para o projeto, como motosserras, perfuradoras e um biotriturador de lagartas autónomo.
“Estas ações de voluntariado, envolvendo a população em geral, são cruciais para a sensibilização relativamente à necessidade de proteção e recuperação da floresta nativa dos Açores, que representa uma extraordinária fonte de recursos naturais e que assume um papel essencial na conservação da biodiversidade, na produção de oxigénio, na regulação climática, na conservação dos solos e da água”, sublinha.