O combate ao tabagismo, a redução da obesidade infantil e o aumento da literacia em saúde são os principais focos do Plano Regional de Saúde dos Açores, apresentado hoje e que vigora até 2030.
“A luta contra o tabagismo é neste momento uma grande prioridade. É uma luta que tem sido feita, embora ainda não tenhamos alcançado os resultados pretendidos”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi.
O Plano Regional de Saúde 2021-2030, que estará agora em consulta pública, contempla 11 planos específicos para diferentes áreas, dos quais se destacam a prevenção e combate ao tabagismo, a promoção da alimentação saudável e a promoção da literacia em saúde.
“Os grandes desígnios são estes: a redução da mortalidade prematura, abaixo dos 70 anos, a melhoria da esperança de vida saudável e, relacionado com isto, obviamente, temos de reduzir os fatores de risco relacionados com as doenças não transmissíveis: [reduzir] o consumo de tabaco, álcool e outras drogas, mudar estilos de vida e definir como prioridade o combate à obesidade infantil”, afirmou o coordenador do plano João Sarmento.
Metade das causas de mortalidade nos Açores está associada à doença cárdio-cérebro-vascular e à doença oncológica, que têm como principais fatores de risco o consumo de tabaco e os comportamentos alimentares.
Os Açores apresentam a maior percentagem de obesidade infantil do país e são a região com maior consumo de tabaco, que abrange cerca de um quarto da população.
A estratégia regional de prevenção e combate ao tabagismo tem, por isso, como metas a redução da percentagem de fumadores ativos com mais de 15 anos para, pelo menos, 10%, a redução da quantidade de tabaco consumido em, pelo menos, 35% e o aumento em 25% da proporção de fumadores que teve, pelo menos, uma consulta.
Na estratégia de promoção da alimentação saudável, o objetivo é aumentar os utentes com Índice de Massa Corporal (IMC) normal e aumentar em, pelo menos, 25% a percentagem de crianças com aleitamento exclusivo até aos seis meses.
“A taxa de aleitamento materno exclusivo nos Açores é das mais baixas do país e o aleitamento materno é altamente protetor da obesidade infantil”, justificou João Sarmento.
Outro dos objetivos do plano é a promoção da literacia em saúde e para tal é proposto que seja feito um “diagnóstico da situação mais aprofundado”, para identificar as “competências concretas da literacia em saúde mais deficitárias” e implementar ações e estratégias concretas.
O documento define ainda metas em outras oito áreas de intervenção: saúde escolar, combate às doenças oncológicas, saúde mental, redução de comportamentos aditivos, promoção de integração de cuidados, mortalidade infantil, prevenção e controlo de doenças não transmissíveis e promoção do envelhecimento ativo e saudável.
Entre as medidas previstas estão, por exemplo, o aumento em 35% dos alunos que consomem frutas e vegetais diariamente, o aumento das taxas de adesão aos rastreios oncológicos, a redução da taxa de suicídio para valores idênticos à média nacional ou a redução do consumo de álcool e drogas entre os jovens.
Está também prevista a redução de internamentos evitáveis, a redução sustentada da taxa de mortalidade infantil, o aumento da avaliação dos planos assistenciais integrados de diabetes e doença cardiovascular e o aumento das avaliações de atividade física e risco nutricional na população mais envelhecida.
A secretária regional da Saúde admitiu que as metas são ambiciosas e exigem um “trabalho muito profícuo e dedicado”, mas mostrou-se confiante numa boa taxa de execução do plano.
“Se no plano anterior, das 43 metas, foram atingidas apenas 30%, nós queremos obviamente que em 2030 a nossa realidade seja diferente”, frisou.
O Plano Regional de Saúde terá uma plataforma de acompanhamento e estão previstas duas avaliações intercalares, em 2026 e 2028.