A Polícia Judiciária (PJ) deteve na terça-feira o alegado autor da agressão junto a uma discoteca que vitimou um cidadão cabo-verdiano na cidade da Horta, na ilha do Faial, Açores, anunciou hoje aquela força policial.

“O crime terá ocorrido no contexto de uma violenta discussão, envolvendo várias pessoas, no desenvolvimento do qual o agora detido, funcionário daquele estabelecimento, terá agredido a soco a vítima, um homem de 49 anos de idade, deixando-o inconsciente”, refere a PJ em comunicado.

A Polícia Judiciária lembra que a agressão ocorreu na madrugada de domingo e que a vítima foi socorrida e transportada para o Hospital da Horta, onde esteve em coma induzido até morrer.

No hospital ainda ponderaram transferir o cidadão para outra unidade de saúde devido à gravidade da lesão – um hematoma craniano -, mas o seu “estado clínico reservado” não permitiu a deslocação.

Segundo a PJ, o óbito foi declarado pelas 17:30 de segunda-feira.

O suspeito, de 23 anos, será agora presente às autoridades judiciárias para aplicação das respetivas medidas de coação, acrescenta a Judiciária.

A vítima mortal, natural de Cabo Verde, residia no Faial, onde trabalhava no ramo da construção civil.

Mais de uma centena de pessoas participaram na terça-feira numa manifestação antirracismo na cidade da Horta, em solidariedade com a família de um cidadão cabo-verdiano, que consideram ter sido agredido por motivos raciais.

“O nosso objetivo é apelar a um julgamento mais justo, imparcial, limpo e sem preconceitos, por parte das autoridades”, explicou, na ocasião, Ella Statmiller, uma das organizadoras da vigília/manifestação, realizada em frente ao edifício da Câmara Municipal da Horta.

A comunidade imigrante radicada na ilha do Faial, entende que este não foi uma situação pontual ou um mero desacato entre duas pessoas, e lamenta que, no dia a dia, as pessoas de outras raças e etnias se vejam confrontadas com situações de racismo.

A Associação dos Imigrantes dos Açores (AIPA) condenou também, em comunicado, esta “brutal agressão” e criticou qualquer tipo de atitude que propague “ódio, xenofobia ou racismo”.

“A AIPA vem, por esta via, repudiar atos de violência verbal e física contra qualquer ser humano, independentemente de se tratar de um imigrante ou autóctone”, refere o comunicado, assinado pela presidente da Direção, Leoter Viegas.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal da Horta, Carlos Ferreira, apelou à “calma” e recordou que a ilha do Faial é conhecida por “bem receber” e que os cidadãos estrangeiros que escolhem os Açores para trabalhar ou residir são “bem acolhidos” e “bem integrados” na sociedade local.

“As autoridades judiciárias e os órgãos de polícia criminal farão, naturalmente, o seu trabalho e vão averiguar, certamente, as circunstâncias deste incidente que é de lamentar”, ressalvou o autarca faialense, adiantando que, agora, o que é necessário é “apurar responsabilidades e transmitir uma palavra de conforto e de calma” às famílias envolvidas.

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