O deputado único do BE/Açores considerou hoje que o Programa do novo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) é “mais do mesmo” e que ao partido “cabe ser a oposição da esperança e de confiança”.

“O Programa do Governo apresenta as mesmas soluções e o mesmo objetivo estratégico de desenvolvimento que foi rejeitado no último Orçamento pelos parceiros da coligação. Um modelo que coloca o mercado à frente das pessoas”, disse António Lima.

O também líder do partido no arquipélago falava na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na Horta, na ilha do Faial, no encerramento do debate do Programa do XIV Governo Regional, que está a ser discutido desde quarta-feira e é votado hoje.

Segundo o deputado, o Programa só será viabilizado politicamente “caso os que o rejeitaram em novembro [de 2023] aceitem as mesmas políticas que então negaram”.

“Hoje, como em novembro, é da direita a responsabilidade do que resultar deste debate e desta legislatura”, acrescentou.

António Lima criticou a postura do Chega em relação à votação, depois de o partido ter anunciado a sua abstenção, na sequência de uma reunião com o presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel Bolieiro: “Bastou uma conversa e o Chega abraçou o sistema.”

Os Açores e os problemas das pessoas, acrescentou, “são meros instrumentos para atingir e manter o poder”, pelo que “ao Bloco cabe ser a oposição da esperança e da confiança”.

O partido tem para a região “um projeto alternativo ao do Programa do Governo”.

“Dissemo-lo com toda a clareza durante a campanha eleitoral para as eleições de 04 de fevereiro. Hoje cumprimos o compromisso que assumimos em campanha. O compromisso com a construção de uma alternativa para os Açores”, sublinhou.

O BE defende uma alternativa “que responda a quem não tem como pagar a casa e que não encontra resposta neste Programa, que responda a quem o salário não chega ao fim do mês e não encontra resposta neste Programa e neste Governo” Regional.

O novo executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM tomou posse em 04 de março, na sequência da vitória nas eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro, mas sem maioria absoluta, e tinha a sua primeira ‘prova de fogo’ no debate e votação do Programa, pois a reprovação do documento com maioria absoluta implicaria a demissão do executivo.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM elegeu 26 deputados (maioria relativa), enquanto o PS elegeu 23 deputados, o Chega cinco e o BE, o IL e o PAN um cada.

Depois das legislativas, o PS e o BE anunciaram o seu voto contra o Programa do XIV Governo Regional. Caso os cinco deputados do Chega também votassem contra, haveria uma maioria absoluta (29 mandatos).

Hoje, o presidente do Chega/Açores anunciou que o partido vai abster-se na votação e que nos próximos dias será assinado um acordo com o PSD, deixando cair a reivindicação de fazer parte do Governo Regional, porque não anda “atrás de lugares”.

Inicialmente, o Chega, a terceira força política mais votada nos Açores, fez depender o sentido de voto da entrada do partido no executivo. Entretanto, passou a admitir um entendimento com o PSD, o maior partido da coligação.

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