Encontramo-nos a poucos dias de mais um ato eleitoral. Desta vez, elegemos quem nos represente na Assembleia da República.
O passado, ainda recente, demonstra-nos que a população residente, nos Açores, tem-se vindo a afastar, abstendo-se, no que à eleição de deputados e deputadas ao parlamento nacional, diz respeito.
Para tal decisão – a de não votar – existe um conjunto de factores facilmente identificáveis: a distância geográfica relativamente à Assembleia da República (no entanto, em eleições regionais também persiste a abstenção); o descrédito na política e a generalização de que todas as pessoas que optam por se candidatar procuram o melhor para si e não para quem representa; a ideia de que o seu voto não conta para a mudança.
Todas estes factores são legítimos, no entanto, podem e devem rebater-se, pois as decisões tomadas no parlamento nacional influenciam a nossa vida, nos Açores; a política e os decisores políticos determinam o nosso presente e o nosso futuro; e há quem se candidate para contribuir para o bem coletivo.
Bem sei que a campanha, agora em curso, pouco traz de novo. São poucas as candidaturas que apostaram na criatividade e na dinamização para alcançar e agregar mais pessoas. Assistimos, quase, à reprodução de campanhas anteriores.
Excetuando um ou dois casos, percebemos que há um profundo desconhecimento sobre matérias essenciais à nossa região, da competência da República. O debate, entre todas as candidaturas, transmitido pela RTP-Açores, provou exatamente isso. Poucas ideias, pouco debate acerca do que fazer e como fazer. Passou-se mais tempo a ouvir ataques gratuitos do que a ouvir estratégias.
Sim, o que necessitamos é que nos expliquem como pretendem fazer, porque, de uma forma geral, todas as candidaturas reivindicam o mesmo. Mas, em caso de eleição, como pretendem cumprir o que prometem em campanha? Com que verbas? De onde e para onde? Em que tempos?
É necessário que a veiculação da mensagem passe por nos elucidar, porque os problemas já estão identificados.
No que ao aprofundamento da Autonomia diz respeito, concordo com essa necessidade. Há matérias em que é fundamental termos poder de decisão, como o caso do mar. No entanto, há que ter os pés assentes e perceber que quando se fala nesse aprofundamento, fala-se para um nicho de pessoas, e não para a maioria das pessoas que sente as dificuldades no seu quotidiano.
Por isso, e por mais, convém percebermos quem domina as matérias, quem está por dentro dos assuntos dos Açores, quem percebe e sente o que está a dizer. Ou seja, quem está preparado para assumir a nobre função de nos representar, no parlamento nacional.
O teu voto é fundamental para o futuro dos Açores! Não deixes de acreditar no poder que o teu voto tem.
Decide se entregas o teu voto ao ódio e ao desconhecimento ou ao bom futuro da nossa região.