A pouco menos de um mês das eleições na Rússia, a agência Reuters anunciou a morte de Alexei Navalny, o mais proeminente adversário de Putin. A morte do ativista russo teve, naturalmente, grande impacto mediático no Sistema Internacional. Putin, Chefe de Estado desde o início do milénio, fica sem oposição relevante e consolida o seu poder na Rússia.
Na minha perspetiva, Vladimir Putin, representa um sistema, um modo de estar que se tem eternizado com base no medo, no terror e nos atos implacáveis que lhe têm sido imputados desde o início da sua governação. São centenas de desaparecimentos de vozes discordantes do regime implementado, sendo umas mais famosas que outras. O último nome de relevo que se revoltou contra o regime, foi o líder do grupo Wagner, Prigozhin que morreu num acidente aéreo, meses depois de ter liderado uma revolta contra Putin. Se puxarmos a fita atrás, em termos de mediatismo, Nemtsov, outrora opositor do presidente russo, também foi morto, a tiro, numa ponte perto do Kremlin.
De acordo com a imprensa internacional, só entre os anos de 2014 e 2017 morreram 38 distintos russos em circunstâncias que permanecem por esclarecer. Ao longo do tempo, o poder russo encerrou diversas ONG’s consubstanciando-se no argumento de que estas funcionariam como um mecanismo de ingerência de outras grandes potências naquele país, como forma de aniquilar putativos opositores de Putin.
Com a notícia da morte de Navalny, depressa surgiram homenagens espontâneas ao ativista russo. Foram detidas mais de 400 pessoas por toda a Rússia com o objetivo de silenciar tais manifestações. Hoje, estamos perante um sinal claro de Putin para os seus opositores. A morte de Navalny é o símbolo máximo da crueldade e frieza do regime russo que enfatiza a total ausência de limites para a sua manutenção e perpetuação no poder.
Todos sabíamos que, mais tarde ou mais cedo, receberíamos a notícia do seu desaparecimento. Aliás, creio que o próprio, ao decidir voltar para a Rússia após tentativa de envenenamento, em 2020, assinou a sua sentença de morte, de forma consciente.
O regime russo está cada vez mais centralizado e autoritário. Ao mesmo tempo, também começa a estar fragilizado. A sociedade civil ficou vazia no que toca à oposição ao regime apesar das declarações de Igor Yashin, ativista próximo de Navalny que garantiu que irá continuar a lutar pela libertação daquele país das amarras de Putin. Alexei Navalny fez o derradeiro sacrifício na luta pela democracia e liberdade de opinião na Rússia e isso, Putin jamais conseguirá apagar.