O líder do PSD/Açores e da coligação PSD/CDS/PPM, indigitado hoje como presidente do XIV Governo Regional dos Açores, comprometeu-se a reforçar o diálogo com os partidos políticos.
“Reforçarei a minha disponibilidade para o diálogo, não apenas a que tive até agora, mas ainda com mais reforço, porque, por um lado, interpreto a legitimidade democrática inequívoca do resultado eleitoral que nos deu a vitória, mas, também, reconhecendo que sem uma maioria absoluta importa garantir um reforço deste diálogo, já com o saber de experiência adquirido”, afirmou.
José Manuel Bolieiro, que lidera o executivo açoriano da coligação PSD/CDS/PPM desde 2020, falava depois de ter sido novamente indigitado presidente do Governo Regional pelo representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
A coligação PSD/CDS/PPM venceu as eleições regionais, no dia 04, com 43,56% dos votos, mas elegeu 26 dos 57 deputados da Assembleia Legislativa, precisando de mais três para ter maioria absoluta.
Ainda assim, José Manuel Bolieiro defendeu que a coligação devia formar um governo de maioria relativa, sem acordos com outros partidos.
Depois de indigitado, o líder regional social-democrata comprometeu-se a reforçar o diálogo e garantiu que falará com “todos sem exclusão”.
“O diálogo será o meu lema, como já foi. Vou reforçá-lo. Serei eu e não outro membro do Governo a liderar a negociação”, adiantou.
Questionado sobre as críticas de falta de diálogo, desde o dia das eleições, apontadas por vários partidos, José Manuel Bolieiro disse que “tudo tem o seu tempo”.
“Fá-lo-ei no tempo próprio e no lugar próprio. Quando assumir as funções de presidente do Governo, haverá tempo, oportunidade e lugar para esse diálogo”, salientou.
Perante a insistência dos jornalistas, José Manuel Bolieiro disse que entendeu que não deveria dialogar “até ao momento da indigitação e da formação de um governo, que é também um exercício de solidão de liderança”.
“Há um procedimento que eu assumo respeitosamente pela via institucional, que me levou a comportar-me como me comportei. E, sobretudo, também porque entendo que este exercício tinha de ser feito com base na boa interpretação do que foi a soberana decisão do povo”, reforçou.
O presidente do executivo açoriano apelou à responsabilidade dos restantes partidos, alegando que “os próximos tempos recomendam essa concertação”.
“Confio que todos assumirão a sua responsabilidade, pela estabilidade que é significado de governabilidade nos Açores, num contexto nacional, europeu e regional muito difícil”, frisou.
Questionado sobre a formação do XIV Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro revelou que fará “ajustamentos”, mas que será um executivo de “continuidade”.
“Não farei, porque não foi esse o legado, nem o mandato que interpreto que recebi do povo, reformas que coloquem em causa o que foi até aqui realizado”, adiantou.
A entrega dos nomes dos membros do novo executivo ao representante da República deverá acontecer “nos próximos dias”, segundo o presidente, que garantiu que “isso não vai ficar condicionado em relação ao debate nacional”, face às eleições legislativas que decorrem em 10 de março.
“Não se justificará fazer adiamentos sem razão plausível e, portanto, farei tudo no quadro do mais rapidamente possível”, assegurou.
Quanto à distribuição de pastas por CDS-PP e PPM, parceiros de coligação do PSD, José Manuel Bolieiro sublinhou que nem ele, nem os líderes dos outros dois partidos, estão neste projeto político “em nome e em função do interesse partidário”.
“Sou líder de um projeto político de coligação governativa PSD/CDS/PPM. É com base nisso e não com proporcionalidades e aritméticas que eu defenderei o interesse dos Açores”, acrescentou.
O PS, que elegeu 23 deputados, e o BE, que elegeu um, já anunciaram que votariam contra um Programa do Governo da coligação.
Chega, que tem cinco deputados, e IL e PAN, com um deputado cada, remeteram a decisão para depois de ser conhecido o documento.
As eleições regionais nos Açores foram antecipadas para 04 de fevereiro na sequência do chumbo do orçamento para 2024, com os votos contra de PS, BE e IL e a abstenção de Chega e PAN.