Está a caminhar para o fim a maratona de debates entre os diversos líderes partidários com assento na Assembleia da República. Vi a grande maioria deles. Confesso que estive mais concentrado nos frente-a-frentes entre Pedro Nuno Santos e André Ventura e também entre Luís Montenegro e André Ventura.
Mas a tónica do presente texto não está no que se passou duranteos minutos de cada debate. Tenho assistido, com alguma estupefação, às longas segundas partes dos debates. Os comentadores dão notas e entretêm-se a justificar as suas opiniões.
Alguns têm, inclusivamente, de ter cuidado redobrado nas justificações. É que a nota dada, por vezes, não tem correspondência no que verbalizam. Mas registo o esforço e, acima de tudo, respeito a opinião de cada um.
Só não gosto é que “andem vestidos” com capas de isenção ou de total distanciamento. E gosto menos ainda, confesso, que me tentem dizer o contrário daquilo que eu acabei de ver. Bem sei que estamos num campo de total subjetividade, mas há limites para o absurdo.
Todos os comentadores, em qualquer um dos diferentes estúdios de televisão, apontam (e bem!) as diversas mentiras e falsidades apregoadas por André Ventura como verdades absolutas. Mas são raros aqueles que, nos mesmos sítios, dizem o que acabaram de ver em qualquer debate que intervém André Ventura.
Refiro-me a algo de positivo. É que até um relógio parado está duas vezes certo por dia. A repulsa a muito do que representa André Ventura não se combate da forma que tenho visto. Ventura está como peixe na água em qualquer estúdio de televisão. Sabe para quem está a falar. Leva sempre perguntas estudadas e temas específicos para complicar a vida ao seu adversário. Tem sempre um ou outro “soundbite” preparado para ecoar.
Nada disto se aplica, por exemplo, ao esforçado Paulo Raimundo. Dizer-se que o “novato” Paulo Raimundo tem muitas dificuldades no meio mediático é gerador de enorme consenso. Pois bem, no debate que se seguiu ao frente a frente entre Raimundo e Ventura, ouvi coisas que quase me levaram a chamar a assistência ao meu televisor.
E é isto que choca as pessoas. Todos vimos o que tinha acabado de acontecer. Acontece que para os “fazedores de opinião” nada disso aconteceu. Raimundo, para além de ter ganho o debate, esteve muito melhor na forma e implacável na substância! Vi até uma experiente comentadora dizer que “Raimundo meteu Ventura no bolso”.
Nos “entretantos”, no mundo real, o que perde sempre vai a caminho de várias dezenas de mandatos e o grande vencedor daquele debate dificilmente irá conseguir manter os atuais 6 mandatos.