O presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, disse hoje que está preocupado com o interesse nacional e admitiu que ficou surpreendido com a demissão do primeiro-ministro, António Costa.
“Surpreendido com esta situação, confesso estar preocupado com o interesse nacional”, disse José Manuel Bolieiro aos jornalistas, na sede do PSD/Açores, na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
O primeiro-ministro pediu hoje a demissão do cargo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Embora reconhecendo a existência de “alguma instabilidade social”, o líder social-democrata açoriano, que é também presidente do Governo Regional de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), lembrou que existia igualmente “estabilidade governativa”.
“É certo que o país tem vivido alguma instabilidade social, socioprofissional, do papel de alguns serviços da administração pública […] ligados à Saúde e à Educação, a contestação das ordens profissionais a determinadas medidas políticas e, com isso, também alguma conflitualidade política. No entanto, o país vivia, apesar de tudo, a estabilidade governativa e, agora, esta também entra em crise”, disse.
Isto, num período “muito exigente” para o país, para a economia e para as famílias, que é ao mesmo tempo “irrepetível no que diz respeito às possibilidades dos instrumentos financeiros de cofinanciamento comunitário”, acrescentou.
O líder do PSD/Açores disse ainda esperar que à crise governativa “não se junte uma crise orçamental”.
“É meu entendimento que é do interesse nacional que seja possível no quadro da legalidade e do sentido político, poder haver a possibilidade da votação e expectável aprovação do Orçamento do Estado [para 2024]. O bem que eu desejo em matéria de estabilidade para os Açores é o bem que eu desejo para [a] estabilidade também do país”, afirmou.
Já como líder do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro mostrou-se preocupado com a instabilidade política e disse esperar que possa ser minimizada “assegurando, se possível, legal e politicamente […] a estabilidade orçamental, pelo menos”.
José Manuel Bolieiro adiantou ainda que irá participar na reunião do Conselho de Estado que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou para quinta-feira.
Antes, na quarta-feira, o chefe de Estado irá ouvir os partidos, numa ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa.
Numa declaração no Palácio de São Bento ao início da tarde, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.