Os animais podem sofrer de uma vasta gama de doenças contagiosas ou não contagiosas. Algumas podem ser tratadas ou ter impacto apenas sobre o animal atingido, outras podem ter tratamento apenas sintomático ou propagar-se a outros animais ou aos seres humanos, neste caso, chamadas de zoonoses.

O impacto das doenças animais contagiosas pode ser devastador para os animais a título individual, para as populações animais, para os produtores e para a própria economia. Essas doenças podem igualmente ter um impacto significativo na saúde pública e na segurança dos alimentos.

Nesse sentido, e a fim de assegurar padrões elevados de saúde pública e animal e um desenvolvimento sustentável da agricultura, bem como de aumentar a produtividade e garantir o rendimento dos produtores, deverão ser tomadas as medidas necessárias para controlar essas doenças que deverão, sempre e em todos os casos, assegurar a manutenção do estatuto sanitário animal existente na região e o apoio à consequente melhoria desse estatuto.

A Doença Hemorrágica Epizoótica é uma doença de etiologia viral, altamente contagiosa, que afeta os ruminantes, em especial bovinos, com sintomas como febre, anorexia, lesões na mucosa oral, disfagia, estomatite ulcerosa, claudicação, eritema do úbere e pneumonia.

Apesar de não ser uma zoonose tem um grande impacto na saúde animal, com altas taxas de morbilidade e mortalidade, levando a grandes perdas económicas e restrições na movimentação de animais.

 

É uma doença de declaração obrigatória para a qual devem ser tomadas medidas emergentes para prevenir a sua propagação.

Em virtude da confirmação da circulação do vírus da Doença Hemorrágica Epizoótica no continente português, tornou-se necessária, em agosto de 2023, a atualização da zona infetada para, praticamente, todo o do território nacional, com exceção das Regiões Autónomas – Açores e Madeira – que se apresentam como área geográfica livre de doença.

Na passada semana, através do jornal “Diário dos Açores”, foi tornado publico que um contentor de bovinos, importado de Portugal continental, no final do mês, para a ilha do Pico, poderia ter causado uma grave contaminação nos Açores com esta doença colocando em causa o estatuto sanitário da Região.

A importação destes animais do continente português era totalmente desaconselhada. Entraram animais contaminados na Região, é referido na comunicação social que “existiram pressões ao mais alto nível que obrigaram as autoridades veterinárias a autorizar essa importação”.

Há muitas questões por explicar e muitas dúvidas por esclarecer num acontecimento muito grave que poderia comprometer o futuro da agropecuária e do comércio de carne da nossa Região por incompetência e negligência dos responsáveis pela Agricultura nos Açores.

O comportamento do Secretário da Agricultura nesta e, noutras matérias, evidencia um padrão de falta à verdade permanente, de tentativa de reescrever a história, atirando culpas para disfarçar a sua incapacidade de desenvolver uma política pública de apoio à agricultura açoriana verdadeiramente eficaz.

Mais uma tentativa de António Ventura fazer parecer que vai tudo bem!

Quando na verdade, há atrasos no pagamento dos subsídios e nos projetos de investimento, atrasos no pagamento dos apoios às nossas associações de produtores, um redondo falhanço nas medidas ditas estratégicas para o setor, nomeadamente com a redução da produção de leite que tinha como objetivo valorizar o preço pago à produção, mas que nem 6 meses durou e, o preço do leite já baixou 20% só este ano.

E agora, mais uma ação de total incompetência e, até, negligência que podia ter colocado em risco o estatuto sanitário da Região e, assim, colocar em causa a exportação de gado vivo dos Açores, prejudicando o rendimento dos nossos produtores.

Talvez António tenha orgulho nesta aventura.

Mas, mais ninguém tem.

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