O Governo dos Açores investe anualmente “quase dois milhões de euros” para combater a toxicodependência e os sem-abrigo no concelho de Ponta Delgada, mas o vice-presidente disse hoje não estar satisfeito com os resultados.

“Nós gastamos ou investimos – como queiram dizer – só em Ponta Delgada, não abrangendo São Miguel todo, quase dois milhões de euros com esse público de toxicodependência e sem-abrigo. Quase dois milhões de euros. Os resultados são o que são. Não vou adjetivar”, declarou Artur Lima.

E acrescentou: “Não estamos satisfeitos, nem nenhum de nós nesta sala está satisfeito. As coisas têm de ser avaliadas. Não no sentido punitivo, mas no sentido de melhorarmos a resposta”.

O número dois do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) discursava hoje em Ponta Delgada durante a assinatura de um protocolo entre o Governo da República e a Cruz Vermelha Portuguesa.

O governante, que tutela a Solidariedade Social, alertou para a necessidade de “fiscalizar para perceber se o dinheiro está a ser bem empregue” por parte das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

“O governo está a fazer uma avaliação de algumas IPSS e do seu trabalho para perceber como é investido o dinheiro de todos nós”, reforçou Artur Lima (CDS-PP).

O vice-presidente do executivo dos Açores defendeu que o problema dos sem-abrigo em Ponta Delgada “não se resolve com um estalar de dedos”, nem com “duas ou três medidas avulsas”, sendo necessária uma “política sustentada” na “colaboração com todas as instituições” sociais e políticas.

“Cada um daqueles sem-abrigo tem uma história de vida. Acho que é aí que nós falhámos. Não basta dar um abrigo. Não basta dar uma casa. Não basta vir com o ‘Housing First’ ou com ou ‘housing second’. É preciso perceber quem são aquelas pessoas”, avisou.

O governante aludia a um programa implementando pela Câmara de Ponta Delgada (‘Housing First’) que integra pessoas sem-abrigo em habitações tendencialmente individuais, acompanhadas por técnicos que as ensinam a gerir uma casa tendo em vista a sua integração social.

Por sua vez, o autarca do maior concelho dos Açores elogiou a “missão cívica” da Cruz Vermelha, uma organização que atua de “forma imparcial”.

Pedro Nascimento Cabral (PSD) destacou o Plano para o Envelhecimento Ativo do município, que pretende mitigar o isolamento dos idosos, uma situação que provoca “perturbações na saúde mental”.

“A Câmara de Ponta Delgada aposta numa seniorização ativa e feliz e é isso que nos motiva no Plano para Envelhecimento Ativo. Queremos agradecer e devolver aquilo que foi o amor e o carinho que os mais velhos nos dispensaram”, declarou.

Em 18 de agosto de 2022, o vice-presidente do Governo dos Açores revelou à agência Lusa que o executivo investia, naquela altura, cerca de um milhão de euros anuais no combate à indigência em Ponta Delgada e defendeu a reavaliação dos protocolos com as associações do concelho.

Artur Lima reconheceu então que a situação de Ponta Delgada é “particularmente preocupante no contexto regional”, lembrando que cerca de 70% dos sem-abrigo da região estão naquela cidade.

 

PUB