Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas

O presidente do município de Velas, na ilha de São Jorge, Açores, vê com “muito bons olhos” a candidatura do queijo São Jorge DOP (Denominação de Origem Protegida) a Património Imaterial Mundial da UNESCO.

“Desde logo, por ser o reconhecimento que tem um produto de excelência que é o queijo de São Jorge, já classificado como DOP”, disse o autarca Luís Silveira à agência Lusa.

O Governo dos Açores anunciou em setembro que vai iniciar o processo de candidatura do queijo de São Jorge DOP a Património Imaterial Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na sigla em inglês), para valorizar o produto.

O presidente da autarquia de Velas, que tem o epíteto de “capital do queijo”, referiu que, a confirmar-se, o reconhecimento irá “enaltecer mais ainda o produto” e vai contribuir para dinamizar o nome da ilha e da Região Autónoma dos Açores.

“Por isso, todos os galardões que nós pudermos obter… e um dessa dimensão é óbvio que, na minha opinião, será muito positivo, quer para a marca do produto em si, mas sobretudo, também, como forma de divulgar a Região Autónoma dos Açores e em particular a ilha de São Jorge como destino turístico”, justificou, acrescentando que o queijo está presente nos cinco continentes.

Luís Silveira felicitou o governo açoriano pela iniciativa e garantiu que o município de Velas está disponível para colaborar na candidatura da “joia da coroa” da gastronomia” local.

O Governo dos Açores vai criar uma comissão técnica que irá preparar a candidatura, um processo que “poderá demorar de um ano a dois anos”, envolvendo o executivo do arquipélago, as autarquias, os produtores e a Federação Agrícola dos Açores.

“Tendo em conta aquilo que é uma agricultura genuína em São Jorge, porque não há alteração do método de produção [do queijo], no modo como se obtém o leite e no modo como se transforma o leite – é, de facto, uma especificidade que tem 400 anos -, interessa que passe acima de DOP, tenha uma qualificação, um atributo, que o reconheça, novamente, a nível mundial”, justificou o secretário regional da Agricultura, no momento em que fez o anúncio da candidatura.

António Ventura explicou que o dossiê a entregar à UNESCO abrange “o saber fazer” relacionado com todo o processo de fabrico do queijo de São Jorge, “em que não há alteração desde a sua origem, desde os povoadores, até agora”.

O queijo São Jorge DOP é um produto tradicional e muito apreciado, obtido a partir de leite de vaca cru.

O início da produção remonta ao século XV e ao início do povoamento da ilha. O fabrico foi incentivado pela comunidade flamenga, com experientes produtores de bens alimentares como a carne, o leite e os seus derivados.

Produzido exclusivamente na ilha de São Jorge desde que foi descoberta (século XV), deve a sua especificidade às características dos pastos abundantes nas zonas de média e elevada altitude, “além da perícia e dos saberes dos queijeiros jorgenses”.

 

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