O líder parlamentar do PS/Açores disse hoje que o Governo Regional perde uma oportunidade de fazer uma reforma nos transportes terrestres com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência e foi acusado de nada ter feito quando chefiou o executivo.

“O Governo Regional está a perder uma grande oportunidade de fazer uma verdadeira reforma nos transportes terrestres utilizando as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ao invés, faz e utiliza a mesma solução que utiliza para a questão do passe. Gastam-se 25 milhões de euros em dois navios elétricos e o assunto fica resolvido”, afirmou Vasco Cordeiro.

O líder parlamentar e presidente do PS/Açores, que falava na discussão do projeto de resolução para a implementação de tarifário tendencialmente único para transportes coletivos, apresentado pelo deputado independente Carlos Furtado, acrescentou que “dá mais trabalho” o executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM fazer a reforma do transporte terrestre, mas “era aquilo que melhor servia não apenas os interesses dos açorianos, como servia até os interesses das alterações climáticas, da sustentabilidade ambiental e de tudo o mais”.

E insistiu: “Aquilo que é mais urgente e aquilo que faria mais a diferença, para melhor, na vida das pessoas é exatamente isso. Aproveitar estes 25 milhões de euros e fazer uma verdadeira reforma do transporte terrestre”.

Em resposta ao socialista, Rui Martins (CDS-PP) disse que Cordeiro tenta “misturar aquilo que não faz sentido misturar”.

Como o socialista disse que tinha uma solução para o problema dos passes sociais, que faria “se os açorianos derem a confiança ao PS para voltar ao Governo”, Rui Martins perguntou “o que é que pretendia então fazer com os 25 milhões do PRR?”.

“É essa a medida do agora é que vai ser? Se eu [Vasco Cordeiro] ganhar as próximas eleições, agora é que vai ser. 24 anos de inércia vão ser resolvidos nos primeiros seis meses de governação?”, questionou.

Às críticas juntou-se o deputado João Bruto da Costa (PSD), que afirmou que Vasco Cordeiro fez uma declaração de comício eleitoral “dizendo que ‘os senhores não sabem fazer, eu é que tenho as boas propostas, eu é que vou fazer’”.

“O senhor deputado Vasco Cordeio sentou-se nesta casa pela primeira vez em 1996. (…) Esteve 24 anos, a maioria dos quais, sentado na bancada do Governo. Não o fez, mas agora promete que vai fazer e que vai fazer rapidamente”, disse.

E prosseguiu: “Não sei se posso usar hoje a expressão de que soa a falso. (…) Tal como a Tarifa Açores [que permite viagens aéreas interilhas a 60 euros para residentes], por exemplo. O senhor achava que não era possível e, se calhar, por isso não fez. (…) E o seu problema, quando era presidente do Governo, era que o senhor não tinha arrojo para avançar com medidas que efetivamente resolvessem o problema das pessoas”.

“O senhor que esteve 24 anos no Governo desta região, [está a] queixar-se de falta de recursos? (…) O senhor não teve falta de recursos quando deu cabo de 400 milhões [de euros] na Sata (…), quando deixou mil milhões na SaúdeAçor, ou quando nos deixou encargos e dívida para o futuro superior a três mil milhões? (…) O senhor quer voltar ao Governo? Eu tenho que dizer aos açorianos: ‘Deus nos livre’”, declarou o social-democrata.

Por sua vez, Paulo Estêvão (PPM) lembrou que Cordeiro quando liderou o executivo nada fez sobre o assunto dos transportes terrestres. E perguntou: “Mas só agora que perdeu o poder é que é necessária a revolução nos Açores e nos transportes?”.

O atual executivo fez a “revolução no transporte aéreo” com a Tarifa Açores e “os navios elétricos são também uma revolução”, observou.

No debate também participou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, que assumiu que de momento “não há condições técnicas e tecnológicas para implementar” o passe social.

Depois, dirigindo-se a Vasco Cordeiro, afirmou: “Estamos nós, em menos de dois anos, a fazer a aplicação do regime jurídico [do serviço público de transporte de passageiros] de 2015, que os senhores nunca aplicaram”.

A proposta do deputado independente sobre os transportes coletivos foi aprovada com 25 votos a favor do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do BE, um do PPM, um da IL, um do PAN e um do deputado independente, e uma abstenção do Chega.

 

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