Os jogadores do Lusitânia, equipa açoriana que disputa o Campeonato de Portugal, acreditam que podem vencer o campeão Benfica na terceira eliminatória da Taça de Portugal de futebol, na sexta-feira, na ilha Terceira.

“A equipa está a atravessar um bom momento e acho que temos todas as possibilidades de surpreender na Taça”, afirmou, em declarações à Lusa, Rui Santos, capitão da equipa açoriana e único titular natural nos Açores.

No fim de semana, o Sport Club Lusitânia, que subiu ao quarto escalão nacional na época passada, alcançou o primeiro lugar da Série C do Campeonato de Portugal, ao vencer no terreno do União de Tomar, por 3-1.

A equipa aguarda com ansiedade a primeira receção a um ‘grande’ – o Lusitânia defrontou duas vezes o FC Porto, em ambos os casos no continente, na Taça de 1973/74 (8-0) e na de 1979/80 (2-0) –, mas com esperança de poder surpreender o campeão em título.

“É claro que há alguma ansiedade. Não é todos os dias que se joga com o Benfica, mas estamos a encarar com tranquilidade”, adiantou Rui Santos.

O guarda-redes, de 29 anos, natural de Angra do Heroísmo, fez toda a formação no Lusitânia e regressou ao clube do coração há sete anos, após passagens por outros clubes terceirenses, durante três épocas.

É no final de um dia de trabalho, como muitos outros jogadores, que o único açoriano titular da equipa se junta aos colegas no treino, no Estádio da Vila de São Mateus.

“Claro que gostaríamos de ter mais jogadores açorianos. É outro processo que estamos a criar aqui desde a formação”, admitiu o treinador dos ‘verdes’ da Rua da Sé, Ricardo Pessoa.

Quando passou à terceira eliminatória da Taça de Portugal, o técnico ‘pediu’ um ‘grande’, mas, no dia do sorteio, disse aos jogadores que só voltariam a falar do Benfica depois dos “três jogos importantes” que se seguiam para o campeonato.

“As sensações esta semana vão ser muito diferentes das normais. Eu sei do que falo, porque também já passei por isso muitas vezes”, apontou Ricardo Pessoa, que, como jogador, representou Vitória de Setúbal e Portimonense na I Liga.

Em 101 anos de história, é a primeira vez que a equipa açoriana recebe um ‘grande’ para a Taça de Portugal.

“Podermos dar esta alegria aos sócios e adeptos do Lusitânia, para nós, também é uma satisfação muito grande, porque não são só os resultados desportivos que contam”, salientou o treinador.

Ricardo Pessoa garantiu que o Lusitânia entra em campo “sempre para ganhar”, independentemente do adversário, e que quer “respeitar o seu passado” como “clube mais titulado dos Açores”.

“No futebol tudo é possível. Há uma quantidade de fatores que podem mexer com um resultado desportivo. Nós queremos ser competitivos, queremos também pôr-nos à prova, poder mostrar a qualidade dos nossos jogadores e depois o resultado final logo se verá”, reforçou.

Para muitos dos jogadores do Lusitânia este será o primeiro jogo com uma equipa da I Liga, mas Diogo Careca, estreante com a camisola verde e branca nesta época, já defrontou o Sporting, num jogo para a Taça de Portugal, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, quando jogava no Praiense, também da ilha Terceira.

“O nervosismo na sexta-feira vai estar lá na mesma. Apesar de já ter vivenciado uma experiência contra o Sporting, vou estar nervoso da mesma maneira”, admitiu.

O defesa de 34 anos, há nove épocas nos Açores, assegurou que a equipa está motivada e revelou o truque para fazer tombar um grande: “ser um super Lusitânia e aproveitar os erros que o Benfica possa cometer”.

Bavikson Biai, médio, de 22 anos, também se mostrou confiante na qualidade da equipa e na estratégia do treinador.

“Sabemos que o Benfica é o Benfica, mas vamos entrar sabendo que o jogo vai começar 0-0”, avançou.

“Já estamos focados no jogo. Nós sabemos a importância deste jogo. Toda a gente quer jogar e o ambiente fica sempre bom no balneário quando toda a gente quer jogar”, acrescentou.

Formado no Sporting, no qual alinhou oito anos, já defrontou as ‘águias’ nos escalões de formação e jogou com alguns dos nomes que hoje integram equipas da I Liga.

Na época passada encontrou no Lusitânia um “projeto ambicioso” e um clube que o fez sentir-se “em casa desde o primeiro dia”.

“Já há muito tempo que não me divertia tanto a jogar futebol, desde que saí do Sporting”, confessou.

O Benfica desloca-se pela terceira vez à ilha Terceira, onde só jogou com o Angrense, rival do Lusitânia, nos quartos de final da edição de 1959/69 da Taça de Portugal, e, sob o comando do húngaro Béla Guttmann, venceu por 2-0, antes de, uma semana depois, golear os açorianos em Lisboa, por 10-0, com ‘hat-tricks’ de José Augusto e José Águas.

Os bilhetes para o Estádio João Paulo II, que tem capacidade máxima para 7.000 espetadores, estão esgotados.

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