Os Açores vão lançar, em 2024, uma rota do turismo industrial, cujos museus e indústrias integrarão também a Rede Portuguesa de Turismo Industrial, revelou hoje a secretária regional Berta Cabral.

“Nós estamos a estruturar uma rota industrial para reavivarmos todas as indústrias que já tivemos, sobretudo agroindústrias, mas também para integrar as novas indústrias e as indústrias que hoje existem ainda em laboração. A rota tem de ter indústrias musealizadas, mas também indústrias efetivas, que estão em laboração hoje”, adiantou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, Berta Cabral.

A governante falava, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da assinatura da declaração de colaboração no quadro da Rede de Turismo Industrial de Portugal, no âmbito da Bienal Ibérica de Património Cultural, que decorre até domingo na cidade.

Foram já assinados protocolos para a integração de sete museus e fábricas da região na rede nacional, ligados à indústria baleeira, à produção de chá e à produção de tabaco, mas o objetivo do executivo é criar um roteiro próprio, com pontos de paragem em todas as ilhas dos Açores, que integrarão posteriormente também a rede nacional.

Entre as hipóteses a juntar à rede estão, por exemplo, as conserveiras, o museu a criar nas antigas instalações da fábrica de açúcar Sinaga, a cerâmica e até as queijadas da Graciosa.

“Em todas as ilhas, temos a possibilidade de integrar a rota industrial, porque em todas as ilhas temos polos industriais ou fábricas, desde conservas, laticínios, chá, tabaco, etc. e outras que se podem juntar”, adiantou Berta Cabral.

A rota do turismo industrial, que o executivo pretende disponibilizar em 2024, será a quinta da região, depois das rotas da baleação, do vinho, do queijo e dos vulcões.

Estão também já a ser pensadas outras duas rotas, a do património cultural e a do património militar, em que a cidade de Angra do Heroísmo se destaca, “pela sua história”.

“É uma mais-valia muito considerável e que nós temos de estruturar rapidamente como produto turístico, porque as pessoas procuram e o retorno ajuda a preservar esse património. Temos de ter sempre o sentido económico e a sustentabilidade do próprio património”, frisou a titular da pasta do Turismo.

Segundo a governante, as rotas são também “fundamentais para atenuar a sazonalidade”, porque os Açores não querem “turismo só de verão”.

“Durante muitos anos, o turismo dos Açores caminhava no sentido de vender sol, vender praia, vender aquilo que os outros vendiam. Nunca teve o sucesso que desejávamos que tivesse, porque efetivamente não podemos vender aquilo que não somos. Temos de promover a nossa genuinidade, a nossa singularidade, a nossa diferença, aquilo que vai acrescentar valor às pessoas que nos visitam”, sublinhou.

Entre as primeiras entidades a integrar a rota nacional estão o Museu da Indústria Baleeira de São Roque do Pico, o Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico, o Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão, em de Santa Cruz das Flores, e o Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, no Faial.

Integram ainda a lista o Museu do Tabaco da Maia, a Fábrica de Chá Gorreana e a Fábrica de Chá de Porto Formoso, todos localizados na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.

A coordenadora do grupo dinamizador da Rede Portuguesa de Turismo Industrial, promovida pelo Turismo de Portugal, Helena Trigatti, lembrou que o programa, lançado em janeiro de 2020, conta já com 210 parceiros.

A responsável destacou ainda “a importância do turismo industrial ao evidenciar a autenticidade local e regional, em especial no que toca a sítios industriais que marcaram historicamente a identidade das localidades e regiões”.

“Ouvir a história narrada através da nossa indústria é conhecer e valorizar a nossa identidade”, salientou.

 

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