O pintor açoriano Emanuel Carreiro, jornalista reformado da RTP, tem uma nova exposição em Ponta Delgada dedicada ao retrato que inclui quatro telas com os ex-presidentes do Governo dos Açores.

A mostra, denominada “Retratos” e já inaugurada, está patente até 26 de outubro no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada, com duas dezenas de pinturas a óleo sobre tela.

Entre as figuras retratadas estão o primeiro presidente do Governo dos Açores, o social-democrata João Mota Amaral (1976-1995), e o seu sucessor, Alberto Romão Madruga da Costa (1995-1996), também militante do PSD e entretanto já falecido, bem como os presidentes regionais socialistas Carlos César (1996-2012) e Vasco Cordeiro (2012-2020).

Emanuel Carreiro começou em 2015 a pintar os quatro homens que até então tinham assumido a presidência do Governo dos Açores (entretanto, o social-democrata José Manuel Bolieiro foi indigitado em 2020), mas só agora o trabalho é exposto.

O pintor, de 73 anos, justifica a opção por retratar os presidentes – dois dos quais estiveram presentes na inauguração da mostra, Mota Amaral e Vasco Cordeiro – por “constatar que não havia retratos pintados” dos chefes do executivo, o que contrastava com o facto de, por exemplo, os reitores da Universidade dos Açores e os presidentes do Tribunal de Contas terem já sido pintados.

Considera que esta é uma forma de “homenagear essas pessoas que entenderam abraçar a tarefa de governar os Açores”, cada um no seu contexto político e histórico.

Em 2016, quando falou à Lusa sobre este trabalho, declarou: “Se alguém achar que as telas têm valor para estar nalguma instituição ligada à autonomia, tudo bem.”

“Estão aqui 40 anos de autonomia, quatro personalidades muito diferentes umas das outras, cada uma com caráter diferente, cada uma com uma parte destes 40 anos de autonomia. São pessoas que tiveram atuações diferentes consoante os problemas que se punham na época”, afirmou então.

Na sua obra, refere agora, “o retrato surge naturalmente, como foi com a paisagem”, resultando de uma necessidade por “novos desafios no percurso de pintor”.

O artista, nascido na freguesia de São José, em Ponta Delgada, e licenciado pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, situa o surgimento do retrato no seu percurso em 2007, quando se realizou a sua primeira exposição que misturava retratos e paisagens.

O artista vai manter-se a pintar ambos e lamenta não ver nos Açores “muitos novos valores, havendo pouca gente a pintar neste momento”, após um “‘boom’ de novos artistas” a que se assistiu no passado.

No ‘terreno’, indicou, continuam, entre outros, os pintores Martim Cymbron, Ferreira Pinto, José Carlos Almeida e Urbano.

Sobre a potenciação da vida artística nos Açores, Emanuel Carreiro considera que “há alguns apoios, como por exemplo no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, que tem realizado residências artísticas, mas mais para artistas do exterior do que para os locais”.

PUB