A Marinha Portuguesa vai colaborar com o projeto da zona livre tecnológica dos Açores, que será criada ao largo da ilha do Faial e servirá para testar tecnologias inovadoras no domínio aéreo e marítimo.
“Esta pista, e o que ela tem de significado e o que pode agregar, é uma economia digital, virada para o mar, em que o produto não é o valor dos materiais em si, mas é o valor do conhecimento agregado a esses materiais”, explicou Gouveia e Melo, chefe do Estado Maior da Armada, que se deslocou aos Açores para a apresentação do projeto da pista de drones que será construída na freguesia da Praia do Norte, na ilha do Faial.
Segundo explicou, o investimento, que será realizado pelo Governo Regional através da Associação para o Desenvolvimento e Formação do Mar dos Açores, vai permitir “unir o ar e o mar”, num espaço marítimo com cerca de 1.000 milhas, que será “o maior espaço europeu” do género.
“Estou convencido que vai nascer à volta disto, como está a nascer à volta da ZOT [Zona Livre Tecnológica] da Marinha em Troia, uma agregação e uma centrifugação de coisas positivas que hoje, se calhar, ainda são difíceis de imaginar”, antecipou Gouveia e Melo.
O chefe do Estado Maior da Armada realçou também os “importantes passos” que estão a ser dados nos Açores, ao nível geoestratégico e geoeconómico, com este tipo de investimentos em novas tecnologias.
“É difícil conceber o controle e a segurança do Atlântico Norte, sem o arquipélago dos Açores. Esta infraestrutura pode vir a criar um acrescento significativo dessa capacidade”, insistiu Gouveia e Melo, adiantando que “os militares têm de saber aproveitar” a “gigantesca importância geoestratégica dos Açores” neste domínio.
A pista de drones, que terá 300 metros de comprimento e 20 de largura, será construída nos terrenos de um antigo aterro sanitário, na freguesia da Praia do Norte, e destina-se à utilização de veículos aéreos não tripulados (drones) de uso civil, militar e científico, permitindo também a empresas nacionais e internacionais testarem as suas tecnologias inovadoras.
“Este é um rasgar de horizontes que estamos a fazer em matéria científica, ligada à sobre dimensão marítima e espacial que os Açores são. E eu falo de propósito em sobre dimensão, porque nós temos de alocar tantos meios e sentir o compromisso nacional do Estado e mesmo da União Europeia, para potenciar esta dimensão, que é, de facto, sobredimensionada para os meios e recursos instalados que temos”, referiu José Manuel Bolieiro, presidente do Governo dos Açores de maioria PSD/CDS-PP/PPM.
José Manuel Bolieiro lembrou que o investimento representa também a estratégica do Governo Regional no futuro dos Açores, lamentando, porém, que apesar de a autonomia pretender “agarrar com as duas mãos esta perspetiva estratégica”, a visão centralista de Lisboa nem sempre permita concretizar alguns objetivos, referindo-se à polémica em torno da gestão do mar dos Açores.
“Às vezes, as tendências centralistas, parece que nos querem tirar oportunidades e isso é nítido e sabido no que respeita à configuração da Lei do Mar e no que diz respeito às oportunidades de cogestão e de partilha deste imenso mar”, frisou, destacando ainda o apoio e a colaboração que a Marinha Portuguesa dá a este projeto inovador.