O Governo espera iniciar até ao fim de 2023 os voos suborbitais a partir do Centro Tecnológico e Espacial de Santa Maria, nos Açores, adiantou hoje a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Elvira Fortunato falava no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, na cerimónia do 30.º aniversário do lançamento do primeiro satélite português, PoSAT-1, perspetivando Portugal como “uma nação espacial até ao final da década”.
De acordo com a governante, em Santa Maria estão a ser desenvolvidas e reforçadas capacidades que permitam instalar “infraestruturas de acesso ao espaço através de um porto espacial”, iniciar os voos suborbitais e promover tecnologias para a monitorização do tráfego e do lixo espacial.
“Esperamos que seja uma realidade no final deste ano”, indicou.
Portugal, segundo Elvira Fortunato, está apostado em criar uma agenda industrial para a conceção, integração e operação de satélites.
“Como resultado desta agenda, [prevê-se] o lançamento e operacionalização de 30 satélites em várias constelações para novos serviços de monitorização do território, quer seja terrestre ou marítimo”, salientou.
Lembrando a contribuição portuguesa de 115 milhões de euros para o orçamento da Agência Espacial Europeia (ESA), Elvira Fortunato explicou que esse valor permite o reforço e a presença portuguesa “nas grandes iniciativas espaciais na Europa (…), com retorno industrial de 100%”.
“Complementarmente e de forma articulada, são utilizados fundos europeus – também de investimento privado – que estruturam e englobam o financiamento deste setor [espacial]”, realçou.
Além do reforço das infraestruturas do Centro Tecnológico e Espacial de Santa Maria, a ministra apontou para a formação de um GeoHub, através da Agência Espacial Portuguesa, de forma a desenvolver “uma política de dados nacionais de observação da Terra em alta e muito alta resolução espacial e temporal”.
Elvira Fortunato sublinhou também o “conceito da constelação de satélites” com Espanha e a constelação do Atlântico, iniciativa portuguesa à qual “brevemente se juntarão outros países”.
“Neste momento, não há desculpa possível, porque temos as infraestruturas, temos todas as condições, temos orçamentos, para mostrar aquilo de que somos capazes, coisa que há 30 anos não tínhamos. Estas iniciativas, com estes investimentos e a aposta na formação superior, são fundamentais para estruturar a nossa ambição e a nossa posição no setor espacial”, acrescentou.