O dirigente e deputado regional António Lima, de 42 anos, é recandidato a coordenador do BE/Açores na convenção regional do partido, que se vai realizar em 12 de novembro, em Ponta Delgada, anunciou hoje a força política.

Na ocasião, António Lima vai defender a Moção de Orientação Global “O Bloco mais forte – um novo rumo para os Açores”, da qual é o primeiro subscritor.

No documento, o atual coordenador do BE/Açores defende que a alternativa à direita na região “não é o regresso à maioria absoluta do PS”, que governou os Açores durante 24 anos e perdeu a maioria para a coligação PSD/CDS-PP/PPM.

Para o bloquista, o governo de direita “executa, em grande medida, o programa do PS com pendor mais liberal”, sendo “exemplo disso os projetos ligados ao Plano de Recuperação e Resiliência elaborados pelo PS, que foram mantidos na íntegra pelo governo de direita”.

“O resultado da governação do PSD, do CDS e do PPM, apoiados pelo Chega e pela IL, é uma região mais pobre do que quando a direita chegou ao governo”, frisa no documento.

Para exemplificar, o bloquista enumerou que o mercado de trabalho está “cada vez mais assente em baixos salários e exploração”, a crise da habitação está “a crescer e sem solução à vista” e o Serviço Regional de Saúde (SRS) “em gestão corrente, subfinanciado e sem investimento”.

O dirigente aponta ainda a “ausência de estratégia para a ciência, a coesão regional e o direito à mobilidade alienados com a privatização da SATA, a manutenção da desregulação do turismo iniciada pelos governos do PS, o total abandono da cultura, o desprezo pelos transportes terrestres e o fraco investimento público que resulta na fraca resposta às pessoas”.

“A direita adotou com rapidez o pior dos 20 anos de maioria absoluta do PS. O clientelismo e a distribuição de ‘jobs’ aos muitos ‘boys’ foi a sua grande prioridade, para criar a rede de influência e controle político e tentar alcançar a vitória nas próximas eleições regionais”, afirma António Lima.

Para o coordenador do Bloco, “uma alternativa à direita são novas políticas que façam a rutura com as atuais e com as que foram implementadas no passado”.

O BE/Açores defende um futuro que “passa por construir uma nova economia, que distribua de forma justa a riqueza, por construir uma região mais coesa social e territorialmente com serviços públicos modernizados e universais que deem resposta atempada e com qualidade”.

António Lima diz que “é urgente um programa de escolarização para adultos de modo a que os Açores, em 10 anos, atinjam a mesma proporção de adultos com o ensino secundário que existe a nível nacional” e um plano de combate ao abandono escolar precoce.

O bloquista frisa ainda que o BE “não desiste do projeto de um grande centro público de investigação científica nas ciências do mar, liderado pela região, permitindo a qualificação de mão-de-obra, bem remunerada e a captação e fixação de pessoas”.

Quanto ao turismo, defende que um “crescimento desenfreado” tem de dar lugar ao “desenvolvimento regulado”.

No setor da habitação, o coordenador do BE considera que “é preciso alargar e aumentar os apoios” e limitar o alojamento local, “responsável por reduzir o número de casas onde as pessoas podem efetivamente morar”.

Na moção, António Lima defende ainda a “modernização do setor primário e a transição para uma produção mais respeitadora do ambiente e com melhor rendimento, biológica na agricultura e sustentável nas pescas”.

O bloquista preconiza também, em sede de revisão constitucional, a “clarificação dos poderes da região sobre o mar” e a extinção do representante da República, “substituído por uma solução que emana da democracia e da autonomia”.

Casado e com um filho, António Lima é professor de profissão e apresenta-se pela segunda vez a votos, sem oposição interna.

Substituiu na liderança do BE/Açores Zuraída Soares, que morreu.

 

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