Decorreu, na semana prestes a findar, mais um plenário da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Assisti, a espaços, a diversos debates. E, mais uma vez, fiquei triste.

É constrangedor, para não dizer outra coisa, ver o que muitas vezes ali se passa. Refiro-me à bandalheira dos “apartes”. Insultar alguém ou até interromper constantemente o orador, nada tem de “apartes”. Isso tem outro nome. Mas, infelizmente, é uma prática que só será erradicada com outra representação do Povo.

Convinha, por isso, a quem passa as sessões em “apartes”, que essa real possibilidade lhes passasse pela cabeça. Julgo, no entanto, que quem passa a vida no mundo dos “apartes” considera que está a fazer um grande trabalho.

Não está! E um dia, talvez, perceba que o seu papel foi outro. Continuando na senda das pobrezas franciscanas, assisti a mais uma série de erros de palmatória. O Povo, o sábio Povo, que cada vez assiste menos ao que se passa na Horta, diz que “não se deve atear um fogo que não se consegue apagar”.

Esta máxima raramente é cumprida por aqueles lados. Vejo debates e discussões desencadeados por quem sabe, ou devia saber, que se está a meter por caminhos demasiados estreitos.

Que sentido faz entradas de leão para saídas de sendeiro? Ricochete, em termos políticos, é outra coisa a evitar. Mas, pela Horta, também não é minimamente cumprido. E isso deixa-me, sempre, espantado. Como é possível não ter consciência prévia da resposta (contra-ataque) ao que vamos dizer? Isso é o básico…

Contudo, vejo regularmente esta “regra” ser incumprida. E não tenho explicação para isso. Tal como nunca encontro explicação para iniciativas que vão no sentido oposto ao “grito” da sociedade.

Apesar disto, continuo e continuarei a assistir ao que se passa naquela sala. E sempre com a expetativa ou até mesmo esperança de ver um “filme” diferente. Acredito que esse dia chegará. A política não é, não pode ser, aquilo que – vezes a mais – se vê por ali. Há, em todas as bancadas, em todos os partidos e na sociedade, competência e qualidade para mais. Para muito mais.

E essa é a minha grande inquietação. Porquê? Por que é que é assim? Quem segue a vida política tem uma resposta na ponta da língua. Mas recuso-me a aceitá-la. E, por isso, continuarei sempre a ser um seguidor do filósofo Pierre-Joseph Proudhon que defendia que “a política é a ciência da liberdade.”

E é essa liberdade que me leva a ver coisas, muitas vezes, pouco recomendáveis…Quando é que é mesmo o próximo plenário?!

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