O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas dos Açores vai receber, no sábado e no domingo, o espetáculo de dança contemporânea “Açorada”, uma criação de Tiago Correia que explora o “empoderamento da mulher”.
Em declarações à agência Lusa, Tiago Correia explica que a performance parte do livro “A escrava açoriana”, do autor Pedro Almeida Maia, que aborda “a escravatura branca”, as “terríveis viagens transatlânticas”, o aborto, a violência e a morte.
“É um romance baseado em factos reais. Trata-se de coletivo de personalidades e de relatos recolhidos pelo Pedro Almeida Maia. É um livro de uma riqueza social e cultural imensa. É um livro muito em volta da figura da mulher na sociedade nos tempos antigos, nos novos tempos e nos tempos que hão de vir”, afirma.
O coreógrafo revela ter ficado “tão fascinado” com a obra que procurou abordar de “forma generalizada” todos os temas do livro através de um “contexto positivo”.
“O fim da primeira fase de criação foi chegar a um tema e a uma base que estivesse em paralelo e conectada com o livro. Neste caso, este trabalho fala sobre o empoderamento feminino”, explica.
Para um homem, disse, foi “um desafio” criar um espetáculo que procura abordar a luta das mulheres ao longo do tempo para “fugir à submissão” imposta pela sociedade.
“É o tema da mulher e sobre a mulher. No fim, nunca sabes o que é isto de lutar por algo que devias ter de igual modo. Eu sou homem. Tive de me colocar no papel da mulher, mesmo sem ter tido de lutar por alguma coisa que é minha por direito”, confessa Tiago Correia.
“Açorada”, que significa sôfrega, foi escolhida para título da atuação para “dar uma ideia de persistência”.
“Pedro Almeida Maia chegou a pensar em dar esse nome ao livro. Há uma ideia de resistência. Para nós, enquanto peça, é ótimo. É um nome que chama à atenção e que vai ao encontro desse movimento interno. Significa apressada, sôfrega de algo. Dá uma ideia de persistência”, explica.
A performance, que conta com interpretações de Catarina Medeiros e Vanessa Canto e composição sonora de Mónica Reis, é produzida pelo coletivo Produção: 37.25 Núcleo de Artes Performativas.
“Nós no coletivo, muitas vezes, temos como ponto de partida ou como motivos de trabalho a relação com outras disciplinas artísticas em que são abordados temas de natureza açoriana”.
“Açorada” tem a duração de 50 minutos e vai acontecer este fim de semana, no sábado e no domingo, pelas 18:00 locais, no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas dos Açores, localizado na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.