O PSD da Praia da Vitória, nos Açores, acusou hoje o PS de ter conduzido o município à bancarrota, obrigando o atual executivo (PSD/CDS-PP) a despedir funcionários da cooperativa Praia Cultural, para reestruturar as contas.

“Tratou-se de uma decisão extremamente difícil, que nenhum executivo municipal devia ter de tomar, mas que é consequência da enorme irresponsabilidade dos executivos socialistas do passado que, tendo conhecimento do rumo irresponsável a que conduziam o município, nada fizeram para o inverter”, afirmou a estrutura concelhia do PSD, em comunicado de imprensa.

A presidente do município da Praia da Vitória (PSD/CDS-PP), Vânia Ferreira, que lidera a Comissão Política Concelhia do PSD, anunciou, na segunda-feira, em conferência de imprensa, que a autarquia iria internalizar até ao final do ano a cooperativa Praia Cultural (CPC), integrando 91 funcionários e despedindo 37, que se somam a outros 35 que já tinham aceitado rescisões por mútuo acordo e a dois absorvidos por entidades externas.

PS e BE criticaram a decisão e o vereador socialista Berto Messias pediu mesmo a demissão da autarca.

Em reação, os social-democratas da Praia da Vitória responsabilizaram o PS, que liderou o executivo camarário durante 16 anos até 2021, alegando que a coligação está “a trabalhar arduamente para salvar o concelho da bancarrota” e do “descalabro deixado nas contas municipais” pelos socialistas.

“Variadíssimas vezes o PSD alertou, pela voz dos seus vereadores, deputados municipais e estrutura local, e até sob constatações do Tribunal de Contas, para o abismo a que os socialistas conduziam a Praia da Vitória”, adiantaram.

Segundo a concelhia social-democrata, a gestão do PS “culminou numa bancarrota municipal que acarretará a necessidade de recorrer à ajuda do Fundo de Apoio Municipal”.

“Seria importante os socialistas da Praia da Vitória explicarem porque chegámos a este estado, ao invés da utilização que têm feito dos trabalhadores da CPC como arma de arremesso política contra a presidente Vânia Ferreira”, apontaram.

O PSD da Praia da Vitória disse que os socialistas “contrataram irresponsavelmente” quase 200 funcionários para a cooperativa, mas “não o submeteram a reunião de Câmara ou de Assembleia Municipal, nem verificaram a viabilidade futura destes postos de trabalho”.

Acusou ainda os autarcas do PS de terem disseminado e escondido milhões de euros de dívida e de terem criado “uma estrutura municipal quando sabiam não ter capacidade financeira para a suportar”.

“Os socialistas esconderam a verdade aos praienses e às instituições, particularmente à Direção Geral da Autarquias Locais, a quem deveriam ter reportado toda a informação financeira, mas não o fizeram”, acrescentou.

Em reação ao pedido de demissão de Vânia Ferreira, a concelhia do PSD alegou que os dirigentes socialistas “nunca pediram a demissão dos anteriores presidentes de câmara e executivos municipais, quando sabiam que o caminho a que os mesmos levavam a Praia da Vitória era o da bancarrota”.

Os social-democratas consideraram, por outro lado, que foi assegurada a integração na autarquia de “um número muito acima do expectável” de trabalhadores da cooperativa, “que resulta da sensibilidade social do atual executivo municipal”.

“A atual reestruturação financeira do município permitirá libertar capacidade de investimento para projetar o futuro da Praia da Vitória, respondendo às necessidades mais elementares do concelho, algo que atualmente não é possível, face ao estrangulamento financeiro que os sucessivos governos socialistas deixaram”, defenderam.

O executivo municipal da coligação PSD/CDS-PP admitiu a possibilidade de despedimentos na cooperativa na sequência de uma auditoria às contas do denominado grupo municipal (Câmara Municipal, Praia Cultura e Praia Ambiente), que identificou um passivo de 33,2 milhões de euros.

 

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