O presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores disse hoje que o número de profissionais formados na região não é suficiente para as necessidades e alertou para o desinvestimento da Universidade dos Açores na escola de saúde.

“Nós não estamos a formar o número de enfermeiros necessários para colmatar esta falha. Vamos ter em breve uma reunião com a escola de saúde. Há uma necessidade efetiva de se promover mais a formação de enfermagem nos Açores”, afirmou o presidente da secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, à margem de uma reunião com a secretária regional da Saúde e Desporto (PSD/CDS-PP/PPM), Mónica Seidi, em Angra do Heroísmo.

A Universidade dos Açores integra uma Escola Superior de Saúde, que tem polos em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, com licenciaturas em enfermagem.

A Ordem dos Enfermeiros já deu início ao processo de inscrição dos 82 alunos finalistas, deste ano, para “agilizar a rápida e eficaz integração destes profissionais”.

“Haja concursos, haja necessidades detetadas nas próprias instituições, eles têm lugar para trabalhar nos Açores. Obviamente, temos aqui um problema. Estamos a formar 82 enfermeiros e eles neste momento vêm praticamente colmatar o número de enfermeiros que abandonaram a profissão”, salientou Pedro Soares.

O responsável da Ordem considerou, por outro lado, que há “claramente por parte da universidade um desinvestimento na escola de enfermagem”.

“Nós quando observamos que o número de professores que está a chegar ao fim da carreira não é colmatado com novas contratações, obviamente enquanto Ordem dos Enfermeiros ficamos preocupados”, vincou.

Segundo Pedro Soares, com as contratações durante a pandemia de covid-19, o número de enfermeiros em falta nas unidades de saúde da região baixou, mas continua a rondar os 400 profissionais.

“Temos enfermeiros com excesso de trabalho para podermos assegurar os mínimos dos cuidados”, apontou.

Depois de ter passado por todas as unidades de saúde do arquipélago, o presidente da secção regional da Ordem dos Enfermeiros alertou também para a degradação de infraestruturas e viaturas, fruto de um “desinvestimento” no setor “nos últimos anos”.

“Eu encontrei viaturas em que no solo da viatura se consegue ver a própria estrada”, exemplificou.

Questionada sobre a possibilidade de as unidades de saúde da região abrirem concursos para os 82 enfermeiros recém-formados, a secretária regional adiantou que a tutela está a fazer “um levantamento de todas as necessidades”, para chegar a um “rácio plausível e que o Serviço Regional de Saúde consiga suportar”.

“Temos ilhas em que é mais notória essa falta de enfermeiros. Em São Miguel, Terceira e Faial não se coloca tanto esta situação”, avançou.

Segundo Mónica Seidi, já foram discutidas com a Ordem e com sindicatos medidas para a “fixação de enfermeiros em ilhas em que o rácio seja inferior”.

“Nunca houve impossibilidade de garantir os cuidados de saúde que são prestados aos utentes”, ressalvou.

Quanto à degradação de infraestruturas e viaturas, a governante reiterou que há um compromisso de “a breve prazo avançar para a construção de raiz” dos centros de saúde da Ribeira Grande e das Lajes do Pico.

“Houve um desinvestimento bastante significativo ao nível das infraestruturas do Serviço Regional de Saúde nos últimos 24 anos [em que o PS governou] e no parque de viaturas, situação que temos vindo a colmatar com bastantes dificuldades, porque os recursos são finitos”, salientou.

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