O líder do BE/Açores, António Lima, considerou hoje que a região possui recursos para “fazer mais” no setor da saúde e criticou a gestão pública dos últimos três anos de governo de direita (PSD/CDS-PP/PPM).

Numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, António Lima disse que “há recursos, nem sempre suficientes para se ter a saúde que se gostaria, mas são adequados para conseguir fazer mais e melhor”.

Afirmando que existe um orçamento regional e que há sempre o dilema “de se canalizar mais ou menos recursos para o Serviço Regional de Saúde (SRS)”, o bloquista defendeu que a questão passa “naturalmente também pela gestão”.

Questionado sobre o problema estrutural do setor da Saúde nos Açores e a eventual necessidade de o Estado proceder a um saneamento financeiro do SRS, António Lima referiu que, “se houver um Governo da República que efetivamente considere que há que apoiar as regiões autónomas numa determinada situação mais crítica em termos financeiros, não vejo por que isso não possa ser posto em cima da mesa”.

No entanto, considerou que não se pode “gerir uma região a pensar nisso”.

No diagnóstico feito ao SRS, António Lima considerou que se “conheceu recentemente que o subfinanciamento continua com este governo e em força”, quando o seu presidente e o titular da pasta da Saúde anunciaram que este iria terminar.

O dirigente do BE/Açores exemplificou que os três hospitais públicos tiveram um prejuízo de 27 milhões de euros em 2022 e, no primeiro semestre de 2023, “os prejuízos já atingiram 11,8 milhões”.

De acordo com o parlamentar, os resultados do SRS “só podem ser consequência de um financiamento muito insuficiente ou de má gestão, ou ambas”.

António Lima referiu que a produção cirúrgica “é feita cada vez mais” por “equipas fora do horário normal de trabalho, que são pagas à parte, são mais caras e constituem por isso um ‘outsorcing’ da atividade clínica do SRS”.

Citando dados oficiais do boletim do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia nos Açores (SIGICA), o dirigente do Bloco declarou que “hoje há mais 1.100 açorianos em lista de espera cirúrgica do que havia em 2019”, sendo que as consultas presenciais no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, sofreram uma redução de quatro mil em 2022 quando comparado com 2019.

António Lima recordou que apresentou há cerca de um ano, no parlamento regional, uma proposta para incentivos à fixação de médicos nos Açores, o que a maioria parlamentar recusou para “agora reconhecer que o sistema é mau”.

“Temos um SRS com os mesmos problemas que em 2020. Entretanto perderam-se três anos”, referiu o dirigente do BE/Açores.

O dirigente bloquista referiu que – no capítulo da pretensão de revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, por parte do Governo dos Açores, por forma a acautelar os custos acrescidos com a Saúde no arquipélago – “está à espera para ver como é que se concretiza essa ideia”.

“Se é a solução que a Madeira já apresentou em termos de projeto de resolução na Assembleia Legislativa, temos sérias dúvidas que sirva os Açores”, disse.

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