O jovem empreendedor contou ao Jornal Açores e Açores 9 Rádio, que num futuro ideal, imagina ter plantações de cacau em São Miguel “se o ananás cresceu cá porque não há de crescer o cacau?” de forma, a colocar os “Açores no mapa”, tal como acontece com as plantações de chá.
O jovem de 34 anos acrescentou que o Chocolatinho é um produto açoriano, “o slogan do Chocolatinho é chocolate com alma açoriana, nós tentamos por o cunho do que é os Açores nos nossos chocolates.”
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No entanto, os planos não ficam por aqui. Um dos sonhos do Chef do Chocolatinho é inserir produtos típicos dos Açores como o ananás e a pimenta na receita base do chocolate “eu quero que o chocolate em si quando se derrete na boca tenha o sabor dos Açores.” O mestre chocolateiro, revelou ainda a sua grande intenção de levar o Chocolatinho para “as américas” e os sabores dos Açores aos emigrantes.
Durante a entrevista ao Jornal Açores 9 e à Açores 9 Rádio, Tiago Alves contou que o próximo passo “será a abertura de uma nova fábrica, construída de raiz adequada às nossas necessidades com 1200 metros quadrados e com uma novidade de poder receber turistas, escolas e curiosos que queiram fazer uma visita à fábrica e tenham a oportunidade de conhecer o nosso processo de trabalho.” Para além de expandir o Chocolatinho, revela que um dos seus grandes sonhos é ter o seu próprio restaurante.
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Tiago e a sua equipa já chegaram a vender 24 toneladas de chocolate num ano, mas nem sempre foi assim. Durante a entrevista, o chocolateiro relembrou o início árduo com os problemas de saúde pelo meio “trabalhei doente, sempre a produzir.”
Em conversa ao Açores 9, o jovem formado em cozinha na Escola de Formação Turística e Hoteleira de São Pedro, em Ponta Delgada revelou como o Chocolatinho nasceu “por acaso” em 2012. Tiago Alves conta que a ideia surgiu quando a mãe lhe pediu para preparar alguns docinhos para comemorar as bodas de prata e ouro dos seus pais e avós. E foi nesse momento, que decidiu inovar e criar algo novo, mantendo segredo sobre o que seria.
No dia 25 de julho de 2012, antes mesmo do evento começar, os 25 convidados já haviam provado e elogiado os 150 bombons feitos por Tiago. Os bombons tinham de recheio os sabores típicos dos Açores, como o ananás, o queijo e a pimenta.
A notícia do sucesso espalhou-se rapidamente e o jovem começou a receber telefonemas de pessoas interessadas em provar os seus chocolatinhos. Inicialmente, recusou os pedidos, alegando que era apenas uma brincadeira e que não se dedicava à produção de chocolates. No entanto, os pedidos continuaram a aumentar, vindos de todas as partes, e percebeu que tinha duas opções: ou embarcar nessa oportunidade ou desistir.
Com apenas 25 anos, Tiago dormia apenas três a cinco horas por noite. Na época, Tiago trabalhava num restaurante e após oito horas preparando sushi, dedicava-se exclusivamente à produção de chocolates na sua própria casa “era algo manual, eu não tinha máquinas e levava mais outras 8 horas para fazer o chocolate”.No entanto, a sua saúde começou a sofrer com o ritmo intenso de trabalho e enfrentou três episódios de trombose. Foi nesse momento que decidiu tomar uma decisão: deixar a cozinha tradicional e dedicar-se ao mundo do chocolate, uma opção considerada mais segura.
Com o capital que conseguiu juntar nos primeiros meses do projeto, Tiago montou uma cozinha na sua casa, que hoje em dia é uma oficina do pai. Prestes a completar 11 anos de negócio, o chocolateiro não se arrepende de sua escolha. Atualmente, possui uma equipa de 21 pessoas muito diversificadas “que querem fazer mais e a diferença” e a expansão do seu negócio está para breve.
O Chocolatinho que nasceu na vila de Rabo de Peixe não recebe só os locais, mas sim muitos turistas que pretendem entrar no verdadeiro mundo do chocolate. Tiago recorda que há uns anos atrás, vinham principalmente pessoas do Canadá e dos Estados Unidos da América, países com os quais os Açores têm muita ligação pela comunidade emigrante açoriana presente. Atualmente, e com “boom turístico” que a ilha sofreu, Tiago conta que os visitantes vêm de todos os cantos do mundo e procuram essencialmente o atrevimento do chef.
Nos últimos tempos tem-se falado muito da vila açoriana, devido ao sucesso da série produzida pela Netflix, cuja história passa-se em Rabo de Peixe. Tiago Alves conta ao Açores 9 que Kelly Bailey e o José Condessa passaram pelo Chocolatinho. No que toca à serie, acrescentou “Vivi em rabo de peixe 25 anos, só se fala em cocaína nos últimos tempos (…) as pessoas perguntam sobre a série (…) As pessoas têm um péssimo estereótipo sobre Rabo de Peixe (…) Rabo de Peixe é uma vila tão grande, é muito mais que a zona pesqueira que é a zona mais pobre e degradada. O chocolateiro acrescenta que a série veio dar mais cor, agitação à vila açoriana.
Para o mestre do chocolate, o segredo para ter um negócio de sucesso é essencialmente alma, vontade, espírito e paixão. O chocolateiro confessa que está sempre a pensar em criar produtos novos “estou sempre a tentar aguçar o engenho de forma que me venham novas ideias e novas estratégias de atacar o mercado. Não me sinto totalmente realizado numa só coisa (…) Eu vivo para o Chocolatinho e quero sempre mais para agradar os clientes (…) desde pequeninos a graúdos.”
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