A Comissão da Indústria da Câmara do Comércio de Ponta Delgada alertou hoje para os “fortes condicionantes” que o setor continua a enfrentar, devido às taxas de juros, inflação, aumento dos preços das matérias-primas e falta de recursos humanos.

A Direção e a Comissão Especializada da Indústria da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, nos Açores, estiveram reunidas na quarta-feira, para análise da situação do setor e a identificação dos constrangimentos que afetam o seu desenvolvimento.

Num comunicado de imprensa divulgado hoje, a Associação Empresarial das Ilhas de São Miguel e Santa Maria salienta que a atual conjuntura mantém-se com “um elevado grau de incerteza”, além de “elevadas taxas de juros, alta inflação e aumento dos preços das matérias-primas”, que são “fortes condicionantes ao desenvolvimento da indústria”.

Além disso, acrescenta a associação, são “preocupantes os atrasos registados na avaliação” das candidaturas ao SOLENERGE (que contempla incentivos financeiros para a aquisição de sistemas solares fotovoltaicos na região), bem como no pagamento dos incentivos aprovados ao abrigo do programa.

Por outro lado, a redução do tarifário da eletricidade, a partir de 01 de julho, é “ainda em montante insuficiente face ao agravamento” que as tarifas tiveram em 2022 e 2023, lê-se na nota.

A comissão destaca também o novo sistema de incentivos ‘CONSTRUIR 2030’, referindo que aguarda a sua “rápida implementação” e espera que seja “mais eficiente e menos burocratizado” do que o ‘COMPETIR +’, de apoio à competitividade empresarial.

A indústria assinala igualmente a questão dos recursos humanos para o setor, não apenas a nível da contratação de novos trabalhadores, mas também da retenção dos existentes.

“Assume especial gravidade a falta de técnicos médios, sem que o sistema de ensino/formação dê resposta adequada às necessidades do setor”, refere a Comissão Especializada da Indústria, salientando que a situação tem feito com que muitas empresas não estejam a laborar na sua total capacidade produtiva, com reflexos negativos no funcionamento de outros setores.

Igualmente “preocupante é o absentismo muitas vezes suportado em baixas automáticas de justificação duvidosa, circunstância que tem levado a perdas significativas de produtividade das empresas”, lê-se no comunicado.

A indústria volta ainda a alertar para a questão da operacionalidade do porto de Ponta Delgada, alegando que se têm registado “longos períodos de espera” para que os navios possam descarregar matérias-primas indispensáveis ao funcionamento do setor.

A atual situação do Matadouro Industrial de São Miguel, que evidencia “falta de condições ao nível de instalações e equipamentos, bem como de problemas a nível do seu funcionamento”, são outras das preocupações assinaladas.

A Comissão Especializada da Indústria critica também a inexistência de uma entidade com competências específicas na área da promoção externa dos produtos regionais, considerando que tem constituído um entrave ao incremento das exportações.

Quanto à carga aérea, a indústria refere que o transporte de carga por via aérea para o continente tem “funcionado normalmente para as empresas que estão no circuito de forma recorrente”, mas “de forma desadequada” para as que recorrem a este transporte de forma pontual ou menos regular.

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