Patrícia Miranda, Deputada do PS/A na ALRAA

Com o evoluir dos tempos, a população começou a preocupar-se com conceitos que outrora eram dados como adquiridos.

Na Agricultura não é diferente e nos últimos anos começou a defender-se, e bem, as práticas sustentáveis e uma Agricultura mais sustentável, ou seja, uma Agricultura, que garanta o equilíbrio do ecossistema e a sua durabilidade através dos anos.

Mas só haverá Agricultura, qualquer que seja, se houver agricultores e para isso, é necessário, também haver renovação das gerações de agricultores.

Há quem diga que a Agricultura nos Açores está em risco. E está em risco porque é esperado perder-se mais explorações de agricultores, que se aproximam da idade da reforma, e que não têm ninguém a quem passar a sua exploração.

A verdade é que a Agricultura como um setor primário e responsável pela produção de alimentos, é um pilar fundamental na nossa economia e na sociedade em geral, tal como a saúde, a educação e a habitação.

Por isso, apostar nos jovens agricultores, mais do que uma opção, deve ser uma obrigação.

E dessa forma, considero que seria importante todos nós refletirmos o porquê desse desinteresse dos jovens pela Agricultura.

É certo, que quem trabalha na Agricultura está sujeito a muitas adversidades, são 365 dias por ano a céu aberto, com o seu produto à mercê da especulação e da volatilidade dos mercados.

Mas, também é certo que ser agricultor também tem vantagens: temos a oportunidade de criar e gerir um negócio próprio com diversidade de tarefas ao longo do dia e do ano, na Agricultura não há dias iguais, por isso, monotonia não faz parte do dia a dia de um agricultor. Temos o privilégio de trabalhar em contacto pleno com a natureza e com os animais. Em termos de otimização e modernização temos à nossa disposição tecnologia de vanguarda com grandes oportunidades de crescimento e, por fim, temos um papel ativo na comunidade e no desenvolvimento rural, seja através da criação de produtos de valor acrescentado, de emprego e da manutenção dos terrenos, trazendo vantagens a curto e a longo prazo.

Então o que está a falhar!?

Bom, a falta de estratégias e incentivos para os jovens se integrarem no setor.

E, é aí que se torna imperativo trabalhar.

É preciso trabalhar em medidas de atração para os nossos jovens agricultores, é preciso dar esperança e segurança a um setor que se apresenta cada vez mais envelhecido.

Os fundos europeus, como o PRR, e os projetos de jovem agricultor são um grande incentivo para dar este passo, mas longe de serem suficientes.

Para isso, a Região deve mobilizar todos os esforços que puder de modo que não se percam os fundos comunitários, que estão à disposição dos agricultores Açorianos.

Os últimos indicadores que existem quanto à execução do PRORURAL, por exemplo na medida dos investimentos nas explorações agrícolas e na medida da instalação de Jovens Agricultores, colocam a execução de fundos comunitários em cerca de metade, a 50%, quando estamos a apenas um ano do termo do presente Quadro Comunitário de Apoio, o PO Açores 2020.

Ora, quando a Agricultura mais necessita de apoio, a Região não se pode dar ao luxo de perder verbas comunitárias, nem tão pouco de atrasar a análise a projetos de investimento

Mais ambição, mais apoios na instalação de Jovens Agricultores e apoios diferenciados, mais celeridade na análise das candidaturas e mais capacidade na execução dos fundos.

Para que os nossos jovens agricultores possam ter confiança e perspetivas de futuro, para que a nossa Agricultura tenha futuro!

Só assim, os Jovens Agricultores poderão ter confiança e vontade de avançar e sentir que ali mesmo está o futuro; que terão – obviamente – que trabalhar, mas que a sua Região reage à sua presença e diz, sim, estamos aqui, vamos ajudar, porque aquilo que prometemos, vamos concretizar!

O contrário disso, é o que tem acontecido. É desmotivador e justifica, em parte, a ausência dos jovens na Agricultura.

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