Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

Há coisas que não lembram ao diabo e desafiam toda a lógica da vida. Talvez pelo exotismo do assunto, ou da opinião que dele têm, logo certa comunicação social se apressa a replicar tão peculiares pontos de vista. Bem se sabe que a notícia é o homem morder o cão, nunca o seu contrário, que uma polémica aguça a curiosidade, que uma crítica ao governo descansa a consciência do jornalista alistado na brigada do contrapoder. Sabemos isso tudo e também que o bom-senso não é a coisa que mais abunda.

Há dias, deparei-me com uma reportagem sobre a apreciação que os turistas fazem do mergulho no nosso mar. Se quisermos melhorar a qualidade dos serviços associados ao turismo, claro, teremos de considerar seriamente a opinião de quem nos visita e dos operadores locais que diretamente lidam com os forasteiros. Isso é inquestionável e será imprudente assim não proceder. Tomarmos por boas todas as opiniões deixadas pelos visitantes ou por quem os atendeu, também não é o caminho certo – a verificação dos factos, a sua análise, à luz dos planos orientadores da atividade turística, e o propósito de melhorar devem estar sempre sobre a mesa. Na dita reportagem, um operador local manifestava o desapontamento dos turistas que mergulham à volta das nossas ilhas, por aqui encontrarem muitas algas e pouco peixe. A frustração bem pode estar relacionada com a expetativa que lhes foi vendida ou até com a circunstância de um dia menos bom para a prática do mergulho. Jamantas, meros e tubarões abundam por aí, mais uma baleação sem igual no resto da Europa. Isso é pouco?

 

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