Alexandra Manes, Dirigente e deputada do BE/Açores

O concelho da Praia da Vitória encontra-se, mais uma vez, a atravessar um período conturbado de despedimentos. Desta vez, desencadeado pelo executivo PSD/CDS que vê nas e nos trabalhadores da Cooperativa Praia Cultural o bode expiatório para justificar a situação da autarquia.

O ódio à Cooperativa Praia Cultural não é de agora. Campanha após campanha, para a direita, o mal da Praia da Vitória concentrava-se nessa cooperativa, esquecendo que ali trabalhavam pessoas sem decisão na boa ou má gestão da autarquia. Ao longo dos anos, a Cooperativa Praia Cultural tornou-se no ódio de estimação da direita terceirense.

Face a todas as dúvidas e às queixas constantes de trabalhadoras e trabalhadores pela falta de documentação que comprovasse a necessidade da autarquia proceder a um conjunto de despedimentos, o BE questionou o Governo da República com o objetivo de perceber e clarificar as dúvidas existentes.

A resposta dada confirmou aquilo de que já suspeitávamos. Não houve, por parte do Fundo de Apoio Municipal (FAM), nenhuma indicação para o despedimento de nenhum trabalhador, independentemente da sua idade e de anos de serviço. Simplesmente, não houve nada, absolutamente nada, de carácter vinculativo nos poucos contactos existentes entre o executivo camarário e o FAM, o que contraria as declarações da autarca quando afirmou que o município tinha que ser “cumpridor com o FAM”.

A resposta do Governo da República comprovou o que muitas pessoas suspeitavam: a opção de despedir centenas de pessoas, num concelho que atravessa uma situação de pouca resposta no seu mercado laboral, foi uma decisão unilateral do executivo PSD/CDS, que nem se dignou a negociar com o sindicato.

Há meses que mais de uma centena de trabalhadoras e trabalhadores vive sem saber o seu futuro, na incerteza de no mês seguinte ter um emprego. Sem saber se conseguem cumprir com os seus compromissos.

Aliás, todo este processo, para além de ter sido revestido de uma falta de transparência gritante, passou ainda pela pressão exercida nestas pessoas, em que algumas delas optaram por assinar um acordo, tamanhas eram as dúvidas e as incertezas…e a pressão…

Nunca é demais relembrar que estas pessoas desempenharam e asseguraram um conjunto de serviços neste concelho, desde a crianças a idosos, criando laços de afetividade que representaram a segurança de muitas pessoas.

Para que fique ainda mais claro, até hoje, dos 13 Programas de Ajustamento Municipal efetuados em todo o país, nenhum implicou qualquer despedimento, o que demonstra bem a falta de sensibilidade e respeito que a direita tem pelas e pelos seus trabalhadores, descartando-os como se de objetos se tratasse.

Face à resposta, por parte do Governo central, a autarca da Praia da Vitória, disparou em todas as direções, inclusive no BE, como se a decisão de despedimentos não tivesse partido do executivo que lidera.

O concelho da Praia da Vitória necessita de pessoas, sem receio de confrontar a sua cor política que se encontra a (des) governar esta região, fazendo cumprir o que foi prometido e não permitindo que o desenvolvimento daquele concelho fique em promessa na próxima campanha eleitoral.

Realmente, a Câmara da Praia da Vitória encontra-se numa situação financeira menos positiva e necessita de um saneamento, mas um saneamento no seu executivo, essencialmente.

 

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