A CDU/Açores acusou hoje o Governo Regional de “reagir tarde e a más horas”, referindo-se à decisão de aterro de 1.300 toneladas de lixo nas Flores, devido à sobrelotação do Centro de Processamento da ilha.
“É um Governo que se limita a reagir tarde e a más horas, acompanhado pela inércia dos deputados eleitos pela ilha que suportam este Governo e que assistem a este abandono e devem achar que está tudo bem”, considerou hoje a CDU da ilha das Flores.
Numa nota de imprensa enviada às redações, a CDU sustentou que a visita estatutária do Governo Regional, esta semana, às Flores consolidou “ainda mais” a alegada falta de resposta do executivo açoriano aos problemas dos açorianos e da região.
O Governo “abandona à sua sorte as Flores, criando cada vez mais desigualdades entre açorianos e entre as ilhas do arquipélago”, afirmou a CDU, criticando a ação governativa da coligação em várias áreas, como a educação, habitação, saúde e transporte marítimo de passageiros.
“E agora, a cereja no topo do bolo, o anúncio de enterrar 1.300 toneladas de resíduos”, considera ainda a CDU das Flores, alertando que a ilha “pode voltar a ser confrontada com o mesmo problema” de sobrelotação do Centro de Processamento de Resíduos (CPR).
Para a CDU, a política do Governo Regional e as suas opções “sem planificação, sem rumo levam a falta de soluções”, porque governa “apenas para uma minoria” e “exclusivamente a pensar em sobreviver politicamente”.
Na terça-feira, o presidente do Governo dos Açores anunciou, no âmbito da visita estatutária às Flores, que vão ser aterradas 1.300 toneladas de lixo na ilha, uma solução “excecional” devido à sobrelotação do Centro de Processamento de Resíduos (CPR) da ilha.
Em 18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.
Em causa está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.
O presidente do Governo Regional considerou “não existir alternativa” ao aterro porque, além das “dificuldades no transporte”, os resíduos estão com uma “infestação de baratas”.
Questionado sobre os prazos, o social-democrata José Manuel Bolieiro afirmou que a operação vai decorrer o “mais rapidamente possível” e com a “máxima prudência”, garantindo que tal “não prejudica a pegada ambiental” da ilha, que é Reserva da Biosfera da UNESCO.
O secretário do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, detalhou que não vai ser enterrado o refugo.
“Trata-se de 1.300 toneladas de composto estabilizado não crivado. Esta solução está prevista em termos excecionais no Regime Geral de Prevenção e Gestão de Resíduos. Não é sequer uma solução inovadora. Este tipo de despacho de aterro já foi feito em altura da pandemia da covid-19 quando não havia capacidade de expedir resíduos”, destacou.