O presidente do Conselho de Ilha considerou hoje a saúde como o “calcanhar de Aquiles” das Flores, uma vez que a falta de cuidados de saúde leva a que “muita gente” abandone a ilha açoriana.
“A questão da saúde é o calcanhar de Aquiles porque temos outro problema relacionado com a questão demográfica. Estamos a perder, ano após ano, gente que troca a ilha das Flores por outras paragens por uma questão de saúde. É uma realidade que não podemos esconder”, afirmou José António Corvelo.
O presidente do Conselho de Ilha das Flores falava aos jornalistas no Centro Cultural de Santa Cruz, após a reunião entre aquele organismo e o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), integrada na visita estatutária do executivo à ilha do grupo Ocidental do arquipélago.
Corvelo alertou que existem “freguesias muito envelhecidas” na ilha das Flores que estão a “caminhar para serem zonas completamente desabitadas”.
“Notamos que há muita gente numa fase avançada da sua vida que opta por fixar-se noutras ilhas onde têm cuidados de saúde mais próximos. Temos vários casos conhecidos que abandonam a ilha e vão viver, por exemplo, para São Miguel, para terem outros cuidados de saúde”, salientou.
O concelho de Santa Cruz das Flores foi o município com a maior quebra no número de residentes (11,8%) entre 2011 e 2021 nos Açores, segundo os Censos.
Após a reunião, aos jornalistas, o presidente do Governo dos Açores afirmou que o despovoamento é uma “realidade europeia” que ataca o arquipélago “no seu todo”, sendo necessária uma “estratégia a médio e longo prazo” para fixar população.
Bolieiro defendeu a implementação de “medidas estruturantes para a fixação da população residente e para a capacidade de atração de novos residentes, por via da imigração ou pela mobilidade interilhas”.
Para combater o despovoamento, o líder do executivo regional disse ser necessário ter “estratégias de empregabilidade de tal ordem cativantes” que permitam recorrer a imigrantes.
“Os dados do índice de atividade económica dos Açores nos últimos 24 meses apontam para uma economia a crescer. Há uma dinâmica na nossa economia hoje. O que registo de principal queixa é a falta de mão-de-obra, que depois também combina com a dificuldade da demografia”, apontou.
Os Açores perderam 4,2% da população residente, entre 2011 e 2021, mas continuam a ser a região com a idade média mais baixa do país (41,7 anos), segundo os resultados definitivos dos Censos.
Em 2021, o arquipélago contava com 236.413 habitantes, menos 10.359 (4,2%) do que os 246.772 registados em 2011, de acordo com as conclusões dos Censos, reveladas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em novembro de 2022.
O Conselho de Ilha é um órgão consultivo do Governo dos Açores composto pelos presidentes das câmaras e assembleias municipais da ilha, por quatro membros eleitos por cada assembleia municipal, por três presidentes de junta de freguesia e um representante do Governo Regional (sem direito a voto).
No conselho, têm ainda assento dois representantes do setor empresarial, dos movimentos sindicais e das associações agrícolas.
Estão também representadas as Instituições Particulares de Solidariedade Social, as associações ambientais não governamentais e as associações de defesa da igualdade de género nas ilhas em que estas tenham sede.