O líder parlamentar do PPM no parlamento açoriano, Paulo Estêvão, acusou hoje o Governo da República de “cobardia”, “deslealdade” e “traição” para com os Açores, ao recusar transferir para a região verbas para resolver vários problemas pendentes.
“A exclusão dos Açores, no âmbito dos apoios extraordinários ao poder local, aos empresários açorianos ou à agricultura, é indecorosa para qualquer português. Os textos da exclusão, definindo que Portugal acaba no litoral peninsular, constituem uma traição”, acusou o deputado monárquico, durante uma declaração política na Assembleia Legislativa dos Açores, reunida na cidade da Horta.
Paulo Estêvão referia-se, em especial, aos apoios atribuídos pelo Ministério da Agricultura para compensar os agricultores portugueses pelo aumento dos custos de produção, que não abrangem os profissionais do setor que desempenham funções nos Açores e na Madeira, mas não só.
“E o que dizer da cobardia que significa abandonar a ilha das Flores num dos piores momentos da sua história, quando tem o seu porto destruído e tem de enfrentar invernos tempestuosos”, adiantou o deputado monárquico, referindo-se à falta de financiamento da República para compensar os estragos provocados pelo furacão Lorenzo (que atravessou a região em outubro 2019), atitude que representa uma “deslealdade” que ficará para a história.
O parlamentar do PPM, um dos três partidos que integra o governo regional, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, acusa também o executivo de António Costa, de estar a “asfixiar financeiramente” o executivo açoriano, apenas por interesses partidários.
“O propósito é asfixiar financeiramente um governo de uma cor política diferente. O propósito é servir interesses partidários tacanhos em detrimento dos interesses dos Açores e de Portugal”, apontou Paulo Estêvão.
Também João Bruto da Costa, líder parlamentar do PSD no parlamento açoriano, criticou a falta de solidariedade do Governo da República para com a região, não apenas na área da agricultura e das catástrofes, mas também na falta de concretização de investimentos há muito programados, referindo-se aos tribunais, às forças de segurança, os radares meteorológicos ou a Universidade dos Açores.
Mas Vasco Cordeiro, líder parlamentar socialista, e antigo presidente do Governo, lembrou que “há centralistas encartados” em Lisboa, “em todos os partidos”, e não apenas no PS, lamentando que o executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), opte pela “culpabilização”, tornando “fraca” a autonomia açoriana.
Também António Lima, deputado do BE, considera que “as críticas justas” a Lisboa, não devem “desresponsabilizar” o executivo açoriano no apoio às famílias, lamentando que, além de um “mau” Governo da República, o arquipélago tenha também um “péssimo” Governo Regional”.
O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, também presente no plenário da Assembleia Regional, corroborou, no entanto, as críticas feitas por Paulo Estêvão, a propósito da falta de solidariedade nacional em relação aos Açores, embora tenha evitado repetir os adjetivos utilizados pelo deputado do PPM.