Há uns clichés que de tão repetidos se vão consolidando em certos espíritos. Os comentadores de serviço, devidamente remunerados, principalmente nas televisões, encarregam-se de nos convencer da bondade das esquerdas, da sua fúria contra o demoníaco capital, do seu apego às classes trabalhadoras, do seu amor às causas fraturantes. E assim persuadidos deixamos de confrontar esses desígnios ideológicos com a realidade, desistimos de avaliar as práticas da esquerda onde e quando ela alcança o poder.
António Costa leva oito ano consecutivos de governação e mais três no horizonte, se a legislatura for até ao seu termo. Metade desse tempo governou com o suporte da extrema-esquerda, comunistas e bloquistas, tão radicais e populistas como o extremo oposto. Com tão distinta companhia, levando a sério o raciocínio e os argumentos, era expetável que as famílias pagassem menos impostos e vissem subir os seus rendimentos, que a fatura de tudo isto fosse cobrada à banca e outros apaniguados do grande capital.
Em teoria, assim devia ser. E fazem-nos crer que assim foi. Mas a propaganda e a realidade são inconciliáveis, neste como noutros casos. Depois de Passos Coelho, a receita de IRS pago pelas famílias aumentou três mil milhões de euros, 23%. Aumentaram os salários e outros rendimentos dos portugueses na mesma proporção?
E não foi só a tributação que agravou. Também o valor mensal retido a mais nos salários, na chamada retenção na fonte, aumentou 1.400 milhões de euros, um aumento de 66% face a 2015.
O Estado socialista financia-se à custa das famílias.