O líder do PS/Açores acusou hoje o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) e os partidos que o suportam de recorrerem a um “inimigo externo”, nomeadamente ao Governo da República, “para encobrir a inoperância, erros e incapacidades” de governação.
“O Governo Regional prefere instrumentalizar as dificuldades para encobrir a sua inoperância, erros e incapacidades do que resolver os problemas que tem para resolver”, afirmou Vasco Cordeiro, na Graciosa, na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PS/Açores, que decorrem durante três dias naquela ilha subordinadas ao tema “Transportes e turismo no futuro da ilha Graciosa”.
O líder do PS/Açores disse que existem “questões incómodas” para o Governo Regional e às quais o executivo açoriano de coligação PSD/CDS-PP/PPM “se recusa a responder”.
“A última manifestação dessa estratégia foi na segunda-feira, transformando as comemorações do Dia da Região Autónoma dos Açores, numa diatribe contra a República”, apontou Vasco Cordeiro, classificando de “estratégia, velha de séculos” para “encontrar um pretenso inimigo externo” com “um propósito velho” de “divergir as atenções”.
O presidente do PS/Açores e ex-chefe do executivo açoriano criticou o Governo Regional por estar com “queixas, queixumes e queixinhas” e não revelar “trabalho, competência e ação”.
Vasco Cordeiro referiu-se, por exemplo, à questão recuperação dos prejuízos do furacão Lorenzo, que atravessou o arquipélago em 2019, apontando que o Governo Regional “prefere instrumentalizar as dificuldades para encobrir a sua inoperância, erros e incapacidades do que resolver os problemas que tem para resolver”.
Segundo disse, na questão das obras de recuperação, “o Governo Regional sabe, pelo menos, desde setembro de 2021, que a comparticipação nacional na recuperação do Lorenzo, para além dos cerca de 30 milhões que foram já transferidos para a região, se processará com recurso a fundos comunitários”.
“Soa, por isso, a falso, a conversa da dívida, como soa ainda mais falso a conversa de que as obras podem parar”, apontou Vasco Cordeiro, frisando que os anteriores governos dos Açores socialistas avançaram “sempre com soluções” com “engenho e arte” para “dar resposta às necessidades” da região e populações
Vasco Cordeiro recordou que “em 2002, o Governo da República cortou o financiamento ao processo de reconstrução do Faial, Pico e S. Jorge, decorrente do sismo de 1998” e, “por sinal, o Governo era do PSD e o primeiro-ministro era Durão Barroso”, mas o processo de reconstrução “não parou”.
Além disso, Vasco Cordeiro elencou que o Governo Regional, em 2015, face a prejuízos resultantes de intempéries, fez a recuperação dos estragos, apesar de o “Governo da República, do PSD e do CDS-PP”, onde era primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, ter dado como resposta para a “solidariedade” com o arquipélago recorrer “à banca”.
“Temos agora um Governo Regional que ameaça parar com investimentos noutras ilhas, não porque não tenha solidariedade nacional, mas porque quer um tratamento especial face àquela que é a prática de execução de fundos comunitários. E se não tiver esse tratamento especial, faz birra”, acusou.
Vasco Cordeiro apontou como outro assunto que “tem servido esta estratégia de remeter culpas próprias para atos alheios”, o apoio que foi criado pelo Governo da República para os agricultores do continente e que não se estende, nem aos agricultores da Madeira, nem aos dos Açores.
“O apoio que o Governo da República definiu, é financiado, e isso faz toda a diferença, com verbas dos impostos que são pagos no continente. Os mesmos impostos cujas verbas ficam nas regiões autónomas. A pergunta que eu, como açoriano e como autonomista, coloco é por que razão os impostos arrecadados nos Açores não financiam, exatamente com o mesmo princípio, os agricultores açorianos”, referiu.
O líder do PS/Açores alertou que, em pouco mais de dois anos de governação do executivo regional de coligação, com o apoio do Chega e da IL, “ascendem a 450 milhões de euros os recursos financeiros que, por incúria ou ação propositada do Governo, deixaram de estar ao serviço dos açorianos, nos termos em que estavam planeados e definidos”.
“Os que, nos Açores, rasgam as vestes em público, batem no peito em fervor autonómico, derretem-se em declarações de amor arrebatadas ao ideal de autogoverno, mas, em Lisboa, dobram a cerviz, tiram o barretinho e, em discursos melífluos, estendem a mãozinha à espera da esmolinha e da caridade do Estado, provocam mais dano à autonomia e minam mais os seus fundamentos do que o mais empedernido e encardido centralista”, criticou.
Vasco Cordeiro alertou que os Açores “perderam fundos comunitários” e demonstram “fraca” execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Onde está o Governo Regional dos Açores do PSD, do CDS e do PPM para explicar, com verdade e sem subterfúgios, as razões do prejuízo que a sua ação está a causar à nossa Região, desde logo, no que se refere ao aproveitamento de fundos comunitários?”, questionou.