O Chega/Açores contestou hoje as taxas e licenças de “largas centenas de euros” pagas pelos mordomos das festas do Espírito Santo, o que poderá “colocar em causa “uma das tradições mais genuínas e abrangentes” do arquipélago.
De acordo com o deputado único do Chega no parlamento açoriano, José Pacheco, as despesas de uma festa tradicional do Divino Espírito Santo “envolvem vários seguros, os serviços prestados pela Polícia de Segurança Pública e pelos Bombeiros, licenças autárquicas, licenças para o lançamento de foguetes, bem como o pagamento de taxas à Sociedade Portuguesa de Autores e à Audiogest”.
Em conunicado de imprensa enviado às redações, o deputado aponta que estas taxas e licenças “envolvem largas centenas de euros que, no caso de pequenos Impérios do Divino Espírito Santo, implica desembolsar verbas que muitas vezes não têm “dado o caráter comunitário e até de caridade e de partilha pelo qual se regem”.
“Na prática, uma festa do Espírito Santo não pretende ter lucro, pois as ofertas que têm são depois revertidas em pensões ou esmolas que são dadas à comunidade, tal como reza a história secular desta tradição”, sublinha José Pacheco.
Tendo em conta as dificuldades devido à crise inflacionista, José Pacheco acredita que esta situação “vai colocar em causa a realização de festas tradicionais em toda a Região e não só do Divino Espírito Santo”.
“Os mordomos e as comissões das pequenas festas de freguesia vão-se ver aflitos para pagar todas estas taxas e taxinhas, por falta de capacidade financeira. O povo ajuda, e muito, mas é preciso muito dinheiro para pôr de pé uma pequena festa”, vincou.
Para o Chega/Açores, em causa estão festas populares que “agregam todo o povo dos Açores”, numa “grande manifestação cultural e religiosa”.
No seu entender, é necessário encontrar um equilíbrio que permita a continuidade desta tradição que “irá acabar por se perder por falta de disponibilidade financeira”, prevendo o partido apresentar em breve “uma solução para que se consiga manter esta tradição tão genuína” e incluir as festas populares e culturais que também “enfrentam sérias dificuldades”, devido “às obrigações que lhes são impostas.
“As festas são do povo e é o povo que deve continuar a organizá-las. Não pode o Governo, as Câmaras Municipais ou as Juntas de Freguesia sobrepor-se ao povo, só porque tem dinheiro para poder pagar todas as taxas e taxinhas e licenças que são precisas”, vincou.