Os presidentes de câmara da ilha das Flores, Açores, revelaram hoje que o escoamento de resíduos já foi retomado, mas pediram viagens mais regulares devido às quantidades acumuladas, de forma a assegurar a operação durante a época alta.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do município de Santa Cruz das Flores, explicou que a precariedade do único porto comercial da ilha e a “logística dos transportes marítimos” levaram à sobrelotação do centro de processamento de resíduos.

“Este cenário merece a nossa atenção e a nossa preocupação. Temos vindo a seguir a situação com preocupação. Demos conhecimento ao secretário do Ambiente [do Governo dos Açores], que está ocorrente da situação”, afirmou José Carlos Mendes (PS).

O autarca do maior concelho da ilha avançou que a exportação de resíduos já foi retomada, mas alertou para a necessidade de existirem viagens mais regulares para escoar o material.

“A situação ideal seria existirem viagens mais regulares num espaço mais curto de tempo de forma a dar vazão aos resíduos que estão acumulados”, realçou.

O presidente da Câmara das Lajes das Flores, o outro município da ilha, confirma que o escoamento foi retomado, mas admite estar “preocupado” porque o aumento do turismo vai gerar uma maior quantidade de lixo.

“O aumento do fluxo turístico implica um aumento grande da quantidade de resíduos produzidos. É fundamental garantir o escoamento dos mesmos para o centro funcionar. Caso contrário, o centro fica completamente bloqueado. Chega a uma altura que não pode receber mais porque deixa de haver espaço”, alertou Luís Maciel (PS).

O líder da autarquia florentina especifica que a acumulação de resíduos começou no final do ano passado após a passagem da tempestade ‘Efrain’ que danificou o porto da ilha, que se encontra em reconstrução após a destruição do Lorenzo.

Segundo disse, a Câmara das Lajes deu conhecimento da situação ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) há mais de um mês.

“A informação que transmitimos ao Governo Regional é que havia o equivalente a uns quatro a cinco meses de acumulação de resíduos sem transporte. O que é significativo. Obviamente que até regularizar vai demorar algum tempo”, afirmou.

Luís Maciel defende que é “preciso garantir o escoamento” dos resíduos, apesar de a acumulação ter gerado uma infestação de baratas, tal como foi adiantando à agência Lusa pela associação ambientalista Zero na quinta-feira.

Ressalvando que “não tem conhecimento técnico para propor soluções”, o presidente da Câmara das Lajes realçou que existe uma “dificuldade muito grande em fazer o controlo” das pragas “porque parte desses resíduos já está acondicionada”.

“O centro faz a desinfestação e tem um contrato com uma empresa de desinfestação, mas todo esse trabalho acaba por ser infrutífero porque nos fardos há uma acumulação de matéria orgânica e de rastejantes e esses tratamentos não conseguem chegar ao interior”, avisou.

Na quinta-feira, a associação ambientalista Zero alertou que o centro de processamento de resíduos das Flores está sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.

Rui Berkemeier, especialista em gestão de resíduos, sugeriu uma “localização alternativa para colocar temporariamente os resíduos rejeitados”, criando uma “zona de depósito temporário”.

A 04 de maio, o BE denunciou a “situação caótica” de “acumulação” de resíduos sólidos urbanos no centro de processamento das Flores, devido aos condicionamentos na operacionalidade dos navios.

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