O Governo Regional dos Açores vai investir cerca de um milhão de euros na construção de instalações de apoio a pescadores na vila de São Mateus, na ilha Terceira, revelou hoje o presidente do executivo.
“Há um investimento de mais de um milhão de euros, que passa a estar radicado em São Mateus e que assegura melhores condições de trabalho a todos”, avançou o chefe do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, na apresentação do projeto, junto ao local onde serão construídas as instalações.
O Governo Regional adquiriu, em 2021, um terreno, por 200 mil euros, com 5.600 metros quadrados, localizado a cerca de um quilómetro do porto de pescas de São Mateus, que tem a segunda maior comunidade piscatória dos Açores.
O executivo estimava arrancar com as obras de construção das instalações de apoio em 2022, mas agora prevê lançar a empreitada “no mês de junho”.
Segundo o diretor regional das Obras Públicas, Pedro Azevedo, a obra tem um prazo de execução de 270 dias e deverá estar pronta no verão de 2024.
A infraestrutura, que ocupará 2.600 metros quadrados do terreno adquirido, terá 10 casas de aprestos, uma câmara de congelados, com capacidade para 15 toneladas, e zonas de trabalho, bem como um alpendre, que permitirá a preparação das linhas e redes de pesca, protegida do sol e da chuva e com iluminação.
O presidente do executivo açoriano ressalvou que é preciso “definir prioridades”, porque “os meios são sempre escassos para as ambições”, mas sublinhou a importância de dar “condições de trabalho” aos pescadores de São Mateus.
“A atividade piscatória não pode ser um parente pobre das políticas públicas, do desenvolvimento e da valorização do território”, frisou.
José Manuel Bolieiro garantiu que o executivo tem “uma visão holística” para aumentar o rendimento dos pescadores, com “a segurança, a vigilância e o cumprimento da lei, na preservação da biomassa”.
“Há uma estratégia de aumentar, de forma progressiva o rendimento e a qualidade do trabalho na área das pescas: valor acrescentado à comercialização do pescado, formação profissional aos pescadores, melhores condições de trabalho para todos, pescadores, auxiliares e armadores”, apontou.
Em declarações à Lusa, à margem da cerimónia, o presidente da Associação Terceirense de Armadores, Paulo Melo, disse que a obra há muito que é aguardada em São Mateus.
“Muitas vezes, quando está a chover, ficamos sem ir ao mar, porque não se consegue safar [preparar] os aparelhos”, explicou.
Desde o anterior executivo açoriano (2016-2020) que a associação reivindicava um espaço onde os aparelhos de pesca pudessem ser preparados, com abrigo da chuva e do sol.
Segundo Paulo Melo, só para as embarcações de maior porte trabalham cerca de duas dezenas de pessoas nesta área em São Mateus, mas as novas instalações “dão resposta” às necessidades.
Do outro lado da estrada, Arnaldo Silva, preparava as linhas de pesca, debaixo do sol, num passeio pedestre junto ao mar.
Trabalhador no setor há mais de duas décadas, disse que só teve conhecimento do projeto hoje, mas, “quanto mais rápido” avançar, “melhor”.
“É bom, para uma pessoa trabalhar de verão e de inverno. No inverno é mais complicado, porque quando está a chover não dá jeito safar o aparelho. Não há condições para trabalhar”, explicou.