O líder do Bloco de Esquerda nos Açores, António Lima, acusou hoje o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, de mentir aos açorianos, ao insistir no endividamento zero e de, assim, não responder aos problemas da região.
“Não aceitamos essa política sustentada numa mentira. Sustentada em regras que não existem e que só se aplicam aos Açores”, apontou o dirigente bloquista, durante uma declaração política no parlamento dos Açores, reunido na Horta.
António Lima referia-se ao facto de o executivo açoriano ter “ressuscitado o ridículo conceito de responsabilidades financeiras futuras” para justificar as suas “políticas erradas”.
Segundo o bloquista, este conceito, que diz só existir nos Açores, determina que as responsabilidades futuras da região atingiram, em 2021, 4.066 milhões de euros, o que significa que houve um aumento superior a 400 milhões de euros, já no decorrer da atual governação.
“A coligação prefere inventar critérios que pioram artificialmente a situação financeira da região, só porque isso dá jeito à sua narrativa”, lamentam os bloquistas açorianos, recordando que, às custas deste argumento, o executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, “deixa de investir, cativa 25% do plano de investimentos e não responde aos problemas dos Açores”.
O deputado do BE ao parlamento açoriano acusa ainda o Governo Regional de usar este “álibi” para se escusar a combater a pobreza, aumentar salários, combater a inflação e apoiar as famílias, que estão “estranguladas” pelo aumento dos preços e das taxas de juros.
Em resposta às críticas do BE, o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, lembrou os “bons resultados” registados pela economia açoriana desde que o atual executivo está em funções.
“Quem tem um crescimento da economia há mais de 22 meses consecutivos, quem tem a maior população empregada da história, a maioria da população ativa dos últimos 15 anos, o menor rendimento social de inserção de muitos anos, o menor número de programas ocupacionais dos últimos anos, quem tem um combate à precariedade como este governo, tem obviamente créditos para apresentar”, insistiu o governante.
Por seu lado, Vasco Cordeiro, líder da bancada do PS e antigo presidente do Governo Regional, lamentou que o executivo de direita continue a falar em “pesada herança” deixada pelo anterior governo socialista nas contas públicas regionais.
“Depois de ter aumentado a dívida pública regional em dois anos em mais de 500 milhões de euros, segundo os dados do Banco de Portugal, este Governo invoca uma pesada herança?”, questionou o dirigente socialista, para concluir que a “pesada herança” deste governo “resulta já de dois anos de desgoverno e descontrole das finanças públicas regionais” e não de nada que resulte dos governos do PS.
Paulo Estêvão, do PPM, defendeu que os “bons resultados” da economia regional resultam da mudança de políticas económicas e sociais.
“Vossa excelência pergunta, como é possível? A resposta é simples: fazendo diferente do que fez Vossa excelência, com mais resultados!”, sublinhou o deputado monárquico, lembrando que a estratégia do PS “não funcionava”.
Também o líder parlamentar do PSD, João Bruto da Costa, destacou que o atual governo de coligação tomou a liberdade de alterar políticas e rumos, a bem da economia regional, decisão que entende dever ser elogiada e não criticada.
“Assumimos as dificuldades que os Açores enfrentavam, quando se iniciou esta legislatura, e tomámos as medidas que eram adequadas para enfrentar essas dificuldades”, frisou o dirigente social-democrata.
Já Pedro Neves, do PAN, lembrou que, aquando da discussão das propostas de plano e orçamento para 2023, criticou a opção de “endividamento zero” prevista nos documentos, por entender que era necessário “ajudar os açorianos” a combater o atual momento de crise económica.
Por seu lado Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, entende que o endividamento zero previsto no orçamento para o corrente ano, que ele próprio propôs, é um exemplo de responsabilidade financeira de um governo que, no seu entender, deve estar preocupado com o impacto das finanças públicas nas gerações vindouras.